
Escritaria homenageia Maria do Rosário Pedreira: poeta, editora, letrista de canções e autora de coleções infanto-juvenis.
A 18.ª edição do Escritaria, que este ano homenageia Maria do Rosário Pedreira, realiza-se de 20 a 26 de outubro, em Penafiel. Uma semana para celebrar a poeta, editora determinante na literatura portuguesa contemporânea, letrista de canções e autora de coleções infanto-juvenis – distinguida com vários prémios e traduzida em várias línguas.
Ao longo de 36 anos de carreira, Maria do Rosário Pedreira desenvolveu um percurso multifacetado que a coloca entre as figuras mais influentes da cultura literária portuguesa contemporânea. Na poesia tem uma obra delicada, intimista e reflexiva, marcada por temas como o amor, a perda, o tempo e a ausência; na literatura infanto-juvenil, co-assina as coleções “O Clube das Chaves” e “Detective Maravilhas”, e mais recentemente escreveu o livro ilustrado “Portuguesas Extraordinárias” e a biografia infantil de Amália Rodrigues, “A Minha Primeira Amália”; como letrista escreveu fados para Carlos do Carmo, Ana Moura, Aldina Duarte e António Zambujo; e como editora desempenhou um papel fundamental nas últimas décadas, sendo responsável pela edição de autores como José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Luísa Sobral, Nuno Camarneiro, Paulo Moreiras ou Ana Cristina Silva.
Nesta edição, o Escritaria vai receber em Penafiel os amigos de profissão de Maria do Rosário Pedreira, numa ode à sua vida e obra. Do programa fazem parte concertos, debates, performances, visitas a escolas, circo contemporâneo, espetáculos infanto-juvenis, uma exposição e uma jam poética. Destaque ainda para a edição exclusiva Escritaria 2025 de “Caçador de algas”, o livro inédito de contos escritos por Maria do Rosário Pedreira.
A saber: dia 21, às 21h30, no Auditório do Ponto C, Francisca Camelo, Capicua, Cláudia R Sampaio, Cirila Bossuet, Cláudia Jardim e Karla da Silva apresentam “Mulheres do meu país”, a partir do livro homónimo de Maria Lamas – um espetáculo que conjuga música com poesia portuguesa contemporânea escrita por mulheres.
Na quarta-feira, 22, às 21h30, o concerto da Rua das Pretas, de Pierre Aderne e Nilson Dourado, que está em residência com a comunidade no Ponto C, terá como convidada a cantora cabo-verdiana Sandra Horta que tem conquistado com a sua interpretação particular, versatilidade e presença em palco.
No dia seguinte, às 21h30, realiza-se, na Cafetaria do Ponto C, o espetáculo “Poesia em construção” com Denise, Né (Barrako 27), que terá como host o rapper penafidelense Puro L.
De volta ao Auditório do Ponto C, dia 24, às 21h30, o concerto de Aldina Duarte, a partir dos poemas e preferências musicais de Maria do Rosário Pedreira, terá como convidados o ator Pedro Lamares e a harpista Ana Isabel Dias.
Dias 25 e 26, às 15h00 e às 18h00, na Casa da Caturra do Ponto C, Nelo Sebastian Vera (Vudú Teatro) apresenta a performance “Gabinete poético”, uma experiência interativa que explora o imaginário criativo do visitante, utilizando-o para construir uma peça única através do jogo com o teatro de objetos, sombras, poesia e música.
A noite de dia 25, às 23h00, termina com o concerto de bolso de Marta e Micó (aka Marta Boldú e José María Micó), a partir de alguns temas da homenageada em castelhano. Para a despedida, dia 26, às 18h00, o espetáculo de circo contemporâneo “Rima”, por Alan Sencades e Alvin Yong (Erva Daninha). Uma mostra multidisciplinar em que as técnicas de circo e o movimento se cruzam, tendo como linguagem central a roda Cyr, como um símbolo de conexão entre duas peças consonantes dentro do mesmo (uni)verso.
Paralelamente, no dia 20, às 21h00, o Auditório do Ponto C recebe a apresentação do livro “Escritaria 2024: Arnaldo Antunes”, por Adélia Carvalho e Daniela Oliveira, a que se seguirá a exibição do filme “Verdes Anos”, de Paulo Rocha, estreado em 1963, com música de Carlos Paredes.
Dias 23 e 24, Maria do Rosário Pedreira vai visitar a Escola Básica e Secundária do Pinheiro, a Escola Secundária Joaquim de Araújo e a Escola Secundária de Penafiel, para encontros com alunos e professores. Na sexta-feira, dia 24, será inaugurado, no Jardim do Sameiro, às 10h30, o busto e a frase evocativa da homenageada do Escritaria 2025, dedicando-se-lhe uma árvore da sua preferência no Bosque do Escritaria.
A exposição “Portas abertas no coração: o fado de Maria do Rosário Pedreira”, com a colaboração de Bruno Santos, Fedra Santos, Raúl Constante Pereira e Joana Estrela, inaugura na Biblioteca Municipal de Penafiel, dia 25, às 11h00. Às 15h00 realiza-se, no Ponto C, o debate “Dei-te o meu corpo como quem estende um mapa antes da viagem”, com a participação de José Luís Peixoto, Luísa Sobral e Nuno Camarneiro, e moderação de João Céu e Silva. Uma hora depois, Maria do Rosário Pedreira dará a conhecer “Caçador de algas”, o livro inédito de contos escritos, em exclusivo, para o Escritaria 2025, e fará uma sessão de autógrafos. Às 17h00, novo debate, desta vez sobre o tema “Dizem que já me enganaste soprando no meu ouvido fados de rara beleza”, com a participação de Cristina Branco, Carlos Tê e Tiago Torres da Silva, e moderação de Ivan Lima. Uma hora mais tarde, Rita Pedreira convida a tia, Maria do Rosário Pereira, para a jam de poesia “Desespero avulso”, onde haverá lugar a um diálogo de textos e afetos, uma conversa entre duas gerações e um mar de poesia a uni-las. Às 21h30, a jornalista Teresa Dias Mendes entrevista ao vivo Maria do Rosário Pedreira, revendo a sua vida e obra como autora infanto-juvenil e poeta, carreira como editora e letrista de sucesso.
O último dia do Escritaria começa com duas oficinas de poesia para o público infanto-juvenil, às 10h00 e às 11h30, no Ponto C: “Um pássaro e uma Cabeça” parte do poema “O Pássaro da Cabeça”, de Manuel António Pina, e “O meu primeiro livro de poesia”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, e conta com encenação e direção artística de Miguel Maia.
Às 15h00, os editores Francisco José Viegas, Cristina Ovídio e Ana Pereirinha participam num debate com moderação de Rui Couceiro: “Todos os dias há páginas nos teus olhos”. Seguindo-se outro com Pedro Mexia, Verónica Aranda e Jorge Reis-Sá, com moderação de Minês Castanheira: “O poema foi sempre o que valeu a pena”.
Fotografia: Vitorino Coragem