IL de Vila Nova de Gaia voltou a rejeitar um traçado alternativo da linha de alta velocidade.
A Iniciativa Liberal (IL) de Vila Nova de Gaia quer que o executivo socialista determine Santo Ovídio como exclusiva localização da estação de alta velocidade e se respeite o caderno de encargos adjudicado pelo consórcio vencedor.
Num voto de recomendação que o deputado único da IL Gonçalo Pinto pretende apresentar esta quinta-feira na Assembleia Municipal de Gaia, no distrito do Porto, esta força política volta a rejeitar, como tinha feito em abril, um traçado alternativo da linha de alta velocidade.
“A IL, através do seu deputado único, insta esta Assembleia no sentido de recomendar ao executivo municipal para determinar Santo Ovídio como exclusiva localização da estação de alta velocidade e a ponte rodoferroviária sobre o rio Douro bem como o traçado adjudicado ao consórcio LusoLAV como a única configuração da PPP1 Porto-Oiã no território gaiense”, lê-se no voto de recomendação.
Em causa as propostas não vinculativas para mudar em quilómetro e meio a sul a localização da estação de Gaia, inicialmente prevista para Santo Ovídio, e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária, votadas a 10 e abril favoravelmente em reunião de câmara pelo executivo PS, com os votos contra do PSD.
A IL também aponta o traçado adjudicado ao consórcio LusoLAV como “a única configuração da PPP1 Porto-Oiã no território gaiense, respeitando assim do ponto de vista legal este projeto bem como o caderno de encargos adjudicado pelo consórcio vencedor”.
Na noite de 10 de abril, a Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia adiou a votação de pareceres não vinculativos a um traçado alternativo da linha de alta velocidade.
Após uma apresentação do projeto e intervenções do público, que praticamente lotou o Auditório Municipal Manuel Menezes de Figueiredo, e ainda com o período de intervenções das forças políticas por decorrer, já perto da meia-noite, o BE apresentou uma proposta de adiamento da votação, proposta essa que já depois da meia-noite foi votada favoravelmente pelo PS, pelo grupo dos Presidentes de Junta, PSD, CDS, BE, Chega e PAN, com votos contra da CDU e IL.
Fonte oficial da autarquia revelou nessa noite à Lusa que a votação foi adiada para depois das eleições legislativas que decorreram a 18 de maio.
Para hoje está agendada uma Assembleia Municipal, cuja ordem de trabalhos não contém pontos relacionados com este tema.
Para a IL, a alternativa apresentada no dia 10 de abril “é globalmente pior que a solução inicial apresentada, avaliada ambientalmente, posta a concurso e adjudicada” porque, argumenta o partido, “dos 12 quilómetros de traçado, se na solução adjudicada se encontravam previstos 10 quilómetros em túnel, a solução alternativa apenas preconiza cinco quilómetros em túnel”.
“Assim, mais de metade do traçado da alta velocidade em Vila Nova de Gaia passa a ser feito à superfície, com impactos ao nível da poluição sonora (não avaliados), impactos ao nível ambiental (não avaliados) e com impactos sobre os cidadãos gaienses (ainda não totalmente avaliados)”, refere a IL.
Santo Ovídio também é a preferência da IL porque, consideram os liberais, a localização em Guardal de Cima apresenta “desafios” como encontra-se numa reserva ecológica protegida, está circundada por zonas habitacionais de baixa densidade a Norte, Poente e Nascente e, a Sul, pela Zona Industrial de Canelas.
“Apesar de estar localizada numa zona de muito baixa densidade populacional, o projeto não prevê um aumento significativo da capacidade construtiva, mas um parque verde de grandes dimensões; Possui uma área de influência através de modos pedonais e suaves muito mais reduzida do que Santo Ovídio, cuja inserção desta última no miolo urbano com mais densidade habitacional, de comércio e de serviços de Vila Nova de Gaia, permitiria uma significativa maior quota modal do acesso pedonal ou através de mobilidade suave à estação, sem necessidade de utilização do carro ou meios alternativos”, acrescentam.
No dia 10 de abril, data em que se ficaram a conhecer novas propostas sobre o projeto e alta velocidade em Gaia, o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues (PS) disse que a solução proposta não anula a solução anterior, referindo que “a estação de Santo Ovídio será sempre uma alternativa viável até decisão por parte da tutela” e que “em nenhuma circunstância, poderá estar em causa a estação de Gaia ou o projeto nacional, elemento central para o projeto e para a região”.
No mesmo dia, o Governo informou estar em diálogo com a Infraestruturas de Portugal sobre a proposta e a Câmara do Porto também não tinha conhecimento da nova proposta.