O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) admitiu pôr em causa os contratos com os transportadores da rede Unir caso estes não cumpram com o estipulado.
O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) admitiu esta sexta-feira pôr em causa os contratos com os transportadores da rede Unir caso estes não cumpram com o estipulado, vincando que a região não pode “aguentar sete anos” de incumprimentos.
“Não é o que eu gostava, mas tenho de dizer que isso tem de estar em cima da mesa porque nós não podemos aguentar sete anos disto”, disse esta sexta-feira Eduardo Vítor Rodrigues aos jornalistas, após uma reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), órgão que reúne os 17 autarcas da AMP.
O responsável apelou às empresas concessionárias da rede de autocarros que iniciou atividade em dezembro de 2023 que tenham “consciência de que estão a fazer transporte de pessoas, a participar na atividade económica da Área Metropolitana”, e “de cada vez que uma pessoa se atrasa na chegada ao emprego é um problema pessoal e é um problema económico”.
Durante uma apresentação feita ao CmP pelo presidente da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), Marco Martins, foram abordados vários problemas com a operação Unir, e Eduardo Vítor Rodrigues disse que “não pode acontecer ter autocarros que, no dia em que vão à inspeção, deixam de operar”, pois “tem de haver uma substituição”.
“Neste momento estamos nas mãos de um contrato e de um vencedor de um concurso que teve um período de tolerância e agora ou cumpre, ou vai embora e dá lugar a outro”, asseverou o também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia.
Eduardo Vítor Rodrigues lembrou que “o contrato tem sete anos e está um ano e meio cumprido”, reconhecendo que “ao fim de um ano e meio continuam estes problemas”.
“Eu não quero que isto continue por sete anos. Se tiver de ser posto em causa o contrato, pois cada um que assuma a sua responsabilidade, a Área Metropolitana tratará”, garantiu.
O presidente da AMP disse, porém, que “há lotes em que as coisas estão bem, há lotes em que as coisas estão menos bem e há lotes em que as coisas estão mal”, e era objetivo da AMP que “em todos os lotes estivessem muito bem”.
“Tivemos um período de tolerância. Neste momento, a criação da empresa permite-nos ter outros instrumentos. Claro que, numa defesa estritamente pessoal, não deixo de dizer que muito disto aconteceu porque infelizmente a minha tese de ter uma empresa de transportes a funcionar desde o início da operação não vingou”, defendeu.
Eduardo Vítor Rodrigues lembrou ainda ser presidente de uma câmara (Gaia) que “tem sofrido com os incumprimentos da empresa que ganhou o concurso”, a Transportes Beira Douro, que pertence à Auto Viação Feirense.
Durante a apresentação feita na reunião desta sexta-feira, o presidente da TMP, Marco Martins, disse que “os operadores queixam-se muito que não recebem, mas não é bem assim”, pois “a receita dos quilómetros são 92% da receita deles”, e disse que os operadores “usam muito este argumento mas tem de ser desmontado”.
“É verdade que grande parte da componente da receita são os quilómetros. Estão todos em dia, tirando o lote 4 [Gaia e Espinho], que não reporta. Esta semana fiz uma diligência com o proprietário e ontem enviou os quilómetros, e se ele não reporta, a AMP não pode pagar”, salientou.
Marco Martins disse ainda que há “uma falta de pagamento do Estado à AMP naquilo que tem a ver com os [passes dos] antigos combatentes”, que vem desde 2023, mas ao mesmo tempo os montantes dos “bilhetes de bordo que são cobrados pelos motoristas do autocarro ainda não foram entregues à AMP” por parte dos operadores da Unir.
“Entre aquilo que a AMP tem a pagar e aquilo que o operador tem a entregar, o saldo há de ser perto do nulo”, estimou.
No lote Norte Nascente (Santo Tirso/Valongo/Paredes/Gondomar) opera a Nex Continental, no Norte Poente (Póvoa de Varzim/Vila do Conde) a Porto Mobilidade, no Norte Centro (Maia/Matosinhos/Trofa) a Vianorbus, no Sul Poente (Vila Nova de Gaia e Espinho) a Transportes Beira Douro e no Sul Nascente (Santa Maria da Feira/São João da Madeira/Arouca/Oliveira de Azeméis/Vale de Cambra) a Xerbus.