Os candidatos à Câmara de Gaia exigiram que o impacto da linha de alta velocidade no concelho seja o menor possível, alguns deles sugerindo a implementação da solução inicialmente estudada, maioritariamente em túnel.
Os candidatos à Câmara de Gaia exigem que a futura estação de alta velocidade do concelho tenha ligação às linhas Amarela e Rubi do Metro do Porto, mas nem todos assumem uma posição clara sobre a localização da estação.
Em causa está a dúvida colocada pelo consórcio Avan Norte (ex-LusoLav, composto por Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), que após a adjudicação em outubro de 2024 do primeiro troço (Porto – Oiã), onde mostrou a estação de Santo Ovídio e uma ponte rodoferroviária, apresentou em abril uma solução alternativa que não estava prevista no caderno de encargos.
A convite do executivo então liderado por Eduardo Vítor Rodrigues (PS), e após várias reuniões com os serviços municipais, representantes do consórcio apresentaram a solução nos Paços do Concelho e na Assembleia Municipal, onde pareceres não vinculativos foram votados favoravelmente por maioria.
Não é claro que solução irá o consórcio submeter no Relatório de Conformidade Ambiental do Processo de Execução (RECAPE), cuja entrega está prevista para este mês, tendo a Lusa já questionado o consórcio e a Infraestruturas de Portugal (IP), que desde setembro de 2022 tem repetidamente apresentado Santo Ovídio e a ponte única rodoferroviária como solução e o reiterou, juntamente com o Banco Europeu de Investimento, na assinatura do contrato de concessão da semana passada.
Nas propostas de abril, o então consórcio LusoLav apresentou uma hipotética extensão da linha Rubi até à estação de Vilar do Paraíso, perdendo a ligação direta do comboio à linha Amarela do metro, assegurada em Santo Ovídio.
Quanto à posição dos candidatos autárquicos, João Paulo Correia (PS) disse à Lusa que quem tem que decidir onde se constrói a estação “é o Governo e o consórcio”, mas exigiu que em qualquer caso “seja possível ao passageiro, na estação de Santo Ovídio, apanhar a linha Amarela ou apanhar a linha Rubi”, vincando que ficasse clara a “defesa intransigente da estação de alta velocidade em Vila Nova de Gaia”, seja onde for.
André Araújo (CDU) lamentou um “processo onde imperam as lutas de bastidores, as negociações de corredor”, vendo hoje “com surpresa” que a Câmara socialista, passado dois anos de anunciar a “Montparnasse – ou seja, tinha de poder haver o máximo possível de intermodalidade” em Santo Ovídio, vir “assumir os argumentos do consórcio” ao abrir as portas à alteração da estação.
“Para nós é chave as ligações intermodais, para nós é chave a ligação ao metro. Fala-se da ligação à linha Rubi, fala-se que o consórcio vai custear essa ligação, mas não é oficial”, assinalou.
João Martins (BE/Livre), garante que a sua candidatura pugna pelo “acesso às duas linhas de metro que Gaia terá”, e a sua “preferência vai exatamente para Santo Ovídio” por esse fator, mas o fundamental é assegurar uma estação em Gaia.
Já Daniel Gaio (Volt) considera que Santo Ovídio “faz todo o sentido, porque não só Gaia tem mais população que o Porto, como Santo Ovidio é um grande centro de transportes públicos, seja autocarro, seja metro”, pelo que “mudar daí para o lado da zona industrial de Canelas, num terreno que é protegido por ser uma zona verde, é completamente incompreensível”, recordando ainda o candidato que “a própria LusoLav, que é liderada pela Mota-Engil, admitiu que seria mais caro fazer uma estação na zona nova”.
Luís Filipe Menezes, candidato da coligação PSD/CDS-PP/IL, não falou à Lusa, mas numa publicação pessoal no Facebook, partilhada publicamente pelo seu candidato à junta de Vilar do Paraíso Vítor Marques, questionou “quantos milhões, centenas de milhões, se vão gastar com duas estações no Grande Porto, entre as quais os comboios vão andar a 20 à hora”.
“Porque não ligar à estação de Gaia ao aeroporto por metro, custaria 70 milhões de euros ligá-la à linha Rubi e daí ao aeroporto – 70 milhões contra quase 1.000 milhões da ligação Gaia – Campanhã – Aeroporto”, disse o candidato.