O cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto, Sérgio Aires, defendeu esta segunda-feira mais habitação pública na cidade, durante uma visita às obras nas ilhas da Lomba.

O cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto, Sérgio Aires, defendeu esta segunda-feira mais habitação pública na cidade, durante uma visita às obras nas ilhas da Lomba, um “bom exemplo” do que pode ser feito.
“É um bom exemplo do que nós achamos que deve ser feito. Tudo o que está a ser feito é com qualidade. Não é para pessoas remediadas, tem qualidade em todos os aspetos, como sustentabilidade, mas também no conforto das pessoas”, disse à Lusa, à margem à visita à obra da Porto Vivo — Sociedade de Reabilitação Urbana.
As obras naquelas ilhas, na freguesia de Campanhã, vão permitir a 47 agregados familiares voltarem para novas casas no mesmo sítio onde viviam e custam cerca de oito milhões de euros, um valor que foi anunciado como sendo integralmente coberto pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O que foi aqui feito pode ser feito noutros territórios e ilhas, haja vontade. Dizem sempre que foi feito porque havia o PRR. Esta obra de 47 fogos custou cerca de oito milhões de euros. (…) Não me venham dizer que o município não tem dinheiro, é uma questão de prioridade”, defendeu.
O vereador eleito em 2021, um feito inédito para o Bloco de Esquerda, procura manter-se num executivo em que espera que “essa prioridade aconteça”, defendendo a possibilidade de “replicar” pela cidade este tipo de empreitadas, aproveitando o direito de preferência que a autarquia tem a partir da Carta Municipal de Habitação.
“Não é por razões financeiras que não há habitação pública. Já perdemos muitas oportunidades, muitas ilhas foram privatizadas e são hoje alojamentos locais. Não havia necessidade, como dizia o outro”, criticou.
Ainda assim, ligou a aposta nesta obra, em que as pessoas foram ouvidas e foi tomada a decisão “importantíssima” de contratualizar o regresso das famílias assim que concluídas, ao processo de regeneração urbana em curso em Campanhã, que associou à “indústria do turismo”.
Sérgio Aires nasceu e cresceu na zona, estudou na Escola da Lomba e, por isso, encontra nestas ilhas “antigos colegas de escola”.
“Hoje há visita do nosso vereador”, comentava um morador junto ao estaleiro das obras.
Para o candidato, “é natural que as pessoas” o reconheçam. “Se o nosso programa autárquico é o combate à pobreza, é nestes territórios que vamos estar mais focados. E sou daqui”, afirmou.
Em matéria de habitação, Aires ironizou ainda com a vinda da presidente de Paris, Anne Hidalgo, ao Porto, em apoio ao candidato do PS, Manuel Pizarro.
“Manuel Pizarro recebeu a presidente de Paris, mas Hidalgo deve ter-se enganado no interlocutor. Quem quer habitação pública é o BE, não o PS, que quer parcerias público-privadas”, criticou.
Sobre as críticas de Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) à mesma visita da autarca socialista, que considerou ter uma visão, de “desdensificação”, mais próxima das suas ideias, o candidato bloquista considerou que fazer isso em Paris e no Porto “são coisas diferentes”.
“Do ponto de vista de projeto político, Anne Hidalgo não tem nenhuma proximidade com essas duas forças políticas. (…) É uma ironia engraçada”, comentou.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se no domingo.