A candidatura aponta que a autarquia “podia ter estado mais à altura das suas responsabilidades, não deixando ao livre-arbítrio da Metro do Porto decisões estruturantes para a vida da cidade”.
O candidato à Câmara do Porto Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM) considerou esta quarta-feira que a autarquia devia ter estado mais à altura das suas responsabilidades no processo do metrobus, defendendo a solução de metro enterrado.
Em comunicado enviado à Lusa, a candidatura aponta que a autarquia “podia ter estado mais à altura das suas responsabilidades, não deixando ao livre-arbítrio da Metro do Porto decisões estruturantes para a vida da cidade”.
No texto, Nuno Cardoso “lamenta profundamente todo o processo de implementação do metrobus na cidade”, na sequência da entrevista do presidente da Metro do Porto à Lusa e da reação do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
“Uma solução que deveria responder às necessidades da população foi imposta sem debate sério, transparente e participado, acabando por gerar desconfiança e atrasos incompreensíveis”, considera o candidato, que foi presidente da autarquia, pelo PS, entre 1999 e 2002.
Para Nuno Cardoso, “se é certo que o metro deve servir áreas de grande população como Aldoar, Foz e Ramalde, é preciso ter a coragem de assumir que esse serviço só pode ser feito em condições adequadas: o metro tem de ser subterrâneo”.
“Não é aceitável continuar a ocupar avenidas que já hoje não têm largura suficiente – nem para o presente, muito menos para o futuro”, considera, rejeitando “sacrificar o espaço público com soluções de superfície que não servem os cidadãos nem preparam a cidade para o amanhã”
O candidato considera que “o Porto precisa de mobilidade inteligente, planeada com visão e respeito pela vida urbana”, pelo que “o metro é fundamental, mas tem de ser pensado com responsabilidade”.
Em entrevista à Lusa na segunda-feira, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, disse que o protocolo entre a Metro do Porto, o Estado e o município do Porto para formalizar a operação do metrobus ainda não foi assinado e já não está com a transportadora, porque “passou a ser gerido diretamente entre a estrutura ministerial e a Câmara Municipal”.
Confirmou ainda que as obras na estação de carregamento de hidrogénio devem terminar no quarto trimestre e que os 12 veículos estão já todos em Portugal ou praticamente a chegar, e quanto ao início da segunda fase, aguarda “autorizações de ocupação de via pública para entrar em obra entre a Marechal Gomes da Costa e a zona do liceu Garcia de Orta”.
Já fonte da presidência da Câmara do Porto refere que o metrobus “só poderá passar a ser operado pela STCP quando o projeto estiver concluído” (incluindo veículos e fonte de abastecimento) e “quando o Estado assegurar as garantias técnicas da operação vertidas num memorando que há dois anos aguarda por luz verde governamental”.
O metrobus vai ligar a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17), e os veículos do serviço serão autocarros a hidrogénio visualmente semelhantes aos do metro convencional, construídos por 29,5 milhões de euros, incluindo a infraestrutura de alimentação.
Concorrem à Câmara Municipal do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU — coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (PSD/IL/CDS-PP), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (movimento independente), António Araújo (movimento independente), Alexandre Guilherme Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN) e Maria Amélia Costa (PTP).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.