A ligação fluvial entre o Cais da Afurada e o Cais do Ouro foi suspensa em 2020.
A Câmara do Porto vai pedir um estudo de procura sobre a travessia fluvial do Douro entre o Porto, Vila Nova de Gaia e Gondomar, anunciou esta terça-feira o presidente Rui Moreira, na sequência de uma recomendação apresentada pela CDU.
A proposta defendia “a rápida reposição da travessia fluvial entre o Cais do Ouro [Porto] e a Afurada [Vila Nova de Gaia]”, tendo a vereadora da CDU Joana Rodrigues apontado que a travessia “é importante” para a cidade, “está interrompida há mais de quatro anos, tem havido conversações e propostas que não estão concretizadas”, sendo agora “altura de se dar um passo em frente”.
“Se estiverem de acordo, aproveitando a recomendação da CDU, que irei votar favoravelmente, pediríamos à STCP Serviços para encomendar um estudo de procura que depois nos dê o argumentário junto da Área Metropolitana e junto dos outros municípios”, disse esta terça-feira Rui Moreira na reunião de câmara.
O autarca eleito pelo movimento independente “Rui Moreira – Aqui Há Porto!” considerou que o serviço “só entre Gaia e Porto é demasiadamente redutor”, considerando “muito mais importante haver a possibilidade de ziguezaguear, principalmente para populações ribeirinhas, que vivem em Gondomar e vêm para o Porto e não têm transporte público adequado e rápido”.
Rui Moreira recordou que o barco Flor do Gás, que fazia o serviço anteriormente, “não era um transporte público, era um operador privado que tinha uma licença especial que fazia aquela operação entre as duas margens”.
Já o vice-presidente Filipe Araújo disse que compete à Área Metropolitana do Porto (AMP) definir se se pretende “estabelecer um serviço público regular de transporte fluvial”, em termos de custos e exigências legais, ou “autorizar serviços fluviais de natureza turística”.
Já a vereadora do PSD Mariana Ferreira Macedo vincou que “o Porto e a Área Metropolitana têm de dar um passo em frente relativamente à mobilidade sustentável”, e que o rio Douro “é uma infraestrutura natural de mobilidade que tem vindo a ser ignorada”, não sendo “apenas um bonito postal turístico”.
A proposta foi votada favoravelmente por todos os vereadores à exceção dos do PSD, que se abstiveram.
No dia 05 de maio, Rui Moreira já tinha dito na Assembleia Municipal que era “um desperdício” não se avançar com o transporte fluvial no rio Douro, via com “um potencial enorme” para o transporte público.
Em julho de 2022, a AMP aprovou delegar ao Porto e a Gaia competências sobre o transporte fluvial no rio Douro, permitindo à STCP Serviços lançar um concurso para a travessia Afurada — Ouro.
Nesse verão, a travessia foi retomada em regime excecional durante as festas de São Pedro e o Festival Marés Vivas.
Já em junho de 2023, o presidente da AMP e da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse duvidar da viabilidade financeira da travessia entre a Afurada e o Cais do Ouro, apontando um investimento inicial de 1,2 milhões de euros.
“O nível de exigência legal para uma embarcação iniciar uma operação e um procedimento contratual é de tal ordem que eu não consigo antever, no estudo económico-financeiro, nenhuma viabilidade para uma travessia”, disse o autarca.