Candidatos ao Porto concordam na crise mas têm diferentes soluções na habitação

As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.

Setembro 18, 2025

Os candidatos à Câmara do Porto concordaram maioritariamente sobre a existência de uma crise na habitação, divergindo nas soluções para a resolver, durante um debate com 10 das 12 listas candidatas que decorreu no auditório da AICCOPN.

A primeira a tomar a palavra na sede da Associação Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), num debate organizado pela Ordem dos Arquitetos, foi Catarina Silva Marques, a “número dois” da candidatura do Volt (liderada por Guilherme Alexandre Jorge), defendendo que o Porto deve “seguir o plano de Viena”, cidade com 60% de pessoas em habitação pública ou cooperativa, e “focar na recuperação dos fogos que estão devolutos, como no cento da cidade, e construção nas zonas mais periféricas”.

Já Filipe Araújo, atual vice-presidente e candidato independente à Câmara do Porto, sugeriu trabalhar com o setor privado e no estímulo a cooperativas, pretendendo criar uma equipa de trabalho (“task force”) municipal “para apoio a que, nos próximos quatro anos”, seja possível que o setor privado “ajude a ter mais habitação acessível”.

Francisco Calheiros, que lidera a lista da CDU à Assembleia Municipal (candidatam Diana Ferreira à Câmara), salientou a necessidade de “uma política urgente e robusta de construção de habitação pública”, sendo também “urgente a suspensão total das novas licenças e atribuições de alojamento local e também de novas licenças de unidades hoteleiras”.

Já Frederico Duarte Carvalho, cabeça de lista do ADN, assinalou que “está a ser impossível” as pessoas “terem a sua própria casa na sua própria cidade, onde nasceram, onde criaram laços e onde querem fazer cultura e a economia mexer”.

Hélder Sousa, do Livre, vincou que “as pessoas com capacidade económica nunca tiveram problemas de habitação em parte nenhuma do mundo, e no Porto também nunca vão ter”, focando-se “nas outras pessoas”, já que “a habitação é um direito e não pode ser tratada como uma mercadoria de luxo”.

Para Manuel Pizarro (PS), é necessária “uma escala nova e uma resolução nova” para resolver os problemas na habitação, considerando que “o problema está na oferta” e pretendendo “olhar para os 20 mil fogos devolutos”, além de construir novas casas em terrenos municipais e do Estado, juntamente com privados.

Já Miguel Corte-Real (Chega), considera que “o que é preciso fazer diferente” em relação a projetos de habitação que não foram executados “é fazer”, rejeitando “um leilão de promessas de casas” mas sim “fazer o máximo de casas possíveis” numa lógica de “casas para os portuenses”.

Nuno Cardoso (Porto Primeiro-Nuno Cardoso), ex-presidente da autarquia, vincou que na crise da habitação “não se fala de responsáveis”, mas para o resolver sugere uma “parceria entre o Estado e as autarquias”, focando-se em “habitação a custos controlados para os portuenses”, também com o setor cooperativo.

Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) colocou um “ponto de interrogação” na quase unanimidade do diagnóstico do problema, assinalando a discrepância entre as “20 mil casas vazias na cidade do Porto” e “níveis de licenciamentos e novas construções” elevados, não havendo “falta de habitação” mas sim “habitação excessivamente cara para as capacidades e a disponibilidade da generalidade das famílias”.

Por fim, Sérgio Aires lembrou que “a habitação é hoje uma prioridade para toda a gente, mas não foi assim no passado” e rejeitou o “complexo” de se ter habitação pública, assinalando que foi por aí que muitas cidades europeias “que garantiram bem-estar a todos os cidadãos”.

A candidata do PTP, Maria Amélia Costa, não marcou presença, tal como Luís Tinoco Azevedo (Partido Liberal Social).

Concorrem à Câmara Municipal do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).

O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.

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