A média do custo dos quartos no Porto, segundo o Observatório de Alojamento Estudantil, é de 400 euros.

A candidata da CDU à Câmara do Porto criticou esta quarta-feira a Câmara do Porto por não atuar na reabilitação de imóveis devolutos que pertencem ao Estado central e que poderiam servir fins sociais urgentes como alojamento estudantil.
Em conferência de imprensa junto a um edifício devoluto propriedade do Ministério da Agricultura, no número 471 da Rua de Santa Catarina, um imóvel de dois pisos e com jardim em pleno coração da baixa do Porto, a candidata da CDU, Diana Ferreira, denunciou a “contradição gritante” que existe entre a escassez de habitação estudantil e a existência de inúmeros imóveis devolutos que poderiam servir fins sociais urgentes como alojamento estudantil.
A média do custo dos quartos no Porto, segundo o Observatório de Alojamento Estudantil, é de 400 euros.
Este ano letivo de 2025/26, o número de camas para as instituições do ensino superior do Porto é “pouco mais 2.000 camas para 24 mil estudantes deslocados”, revelou o presidente da Federação Académica do Porto, Francisco Fernandes, que tem vindo a alertar que é urgente que se comece a trabalhar no Plano Nacional de Alojamento Local 2.0 (PNAES 2.0).
A candidata comunista acredita que era possível a Câmara do Porto, chefiada há três mandatos por Rui Moreira (movimento independente), entrar em contacto com o Governo por causa do imóvel devoluto do Ministério da Agricultura na Baixa do Porto, “pedindo um conjunto de elementos sobre o edifício ao Estado central e a partir daí avançar com o projeto”.
“Estamos num sítio que é um edifício público, propriedade do Ministério da Agricultura (…). Temos aqui uma resposta muito específica direcionada, em que este edifício pode ser uma solução para estudantes deslocados”, argumenta.
Diana Ferreira sublinha a urgente necessidade que milhares de estudantes deslocados nas instituições de Ensino superior da cidade do Porto e do distrito têm e que pode ser atenuado com obras dos imóveis do Estado central e do município.
“Estamos a falar de uma grande dificuldade desses estudantes encontrarem residências públicas, porque são manifestamente insuficientes as que estão disponíveis e depois mesmo do ponto de vista de quartos ou apartamentos que têm preços exorbitantes, e que é muitas vezes um entrave à continuidade no ensino superior. Estamos aqui num edifício que pode ser perfeitamente reconvertido numa resposta para os estudantes que são deslocados, garantindo aqui residências estudantis a preços acessíveis para que os estudantes possam cá ficar”.
A candidata da CDU recorda que a população do Porto está envelhecida — “a população com mais de 65 anos já representa 26% do total e o grupo jovem dos 0 ao aos 14 anos representa apenas 11% – e justifica que o envelhecimento e o desequilíbrio populacional de deve à falta de habitação e aos preços elevados das casas e das rendas.
“No arrendamento, a média já ultrapassou os 17 euros por metro quadrado, com subidas de quase 19% no Bonfim e 18% em Campanhã num só ano”, lê-se no comunicado entregue aos jornalistas.
A proposta da candidatura da CDU é construir e reabilitar seis mil habitações públicas em quatro anos, sendo três mil casas com renda apoiada, e três mil a arrendamento acessível.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se este domingo.