A manifestação de hoje antecede uma ação nacional marcada para o dia 28 de outubro, em Lisboa, o dia da discussão do Orçamento do Estado.
Cerca de 100 estudantes manifestaram-se hoje, junto à Reitoria da Universidade do Porto, contra o anúncio de aumento do valor das propinas, o qual consideraram ser um “fator de elitização do Ensino Superior”.
“Estou aqui hoje para lutar contra a propina, contra a propina como fator de elitização e de subfinanciamento do Ensino Superior e que é uma desculpa para o Estado não cumprir a sua função de financiar as instituições de ensino públicas”, disse o estudante de engenharia eletrotécnica Francisco Jesus.
Para o aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto, o problema não se prende com o valor do aumento — que reconheceu que “pesa na carteira de quem tem pais que recebem o salário mínimo” -, mas sim com “o precedente que se abre”.
No Centro Histórico do Porto, uma centena de alunos cantava “a propina é para acabar, não é para aumentar”, “a propina dói, a propina dói” e ainda “ação social não existe em Portugal”, entre outro cânticos amplificados por um megafone que ia sendo passado entre os estudantes das várias instituições.
À Lusa, a estudante da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) Matilde Geada explicou que, no início do ano letivo, foi criado o movimento estudantil “Ninguém Fica para Trás — Gratuitidade Já!”, que contactou “alunos por todo o país” para “lutar pelos seus direitos”.
A manifestação de hoje antecede uma ação nacional marcada para o dia 28 de outubro, em Lisboa, o dia da discussão do Orçamento do Estado.
“Vamos falar com as nossas associações de estudantes, tentar organizar-nos para permitir que todos os estudantes que querem participar e querem vir para a luta tenham a oportunidade de se deslocar até Lisboa para garantir o maior número de estudantes possível, para mostrar mesmo esta força que está a haver por todo o país”, assegurou a aspirante a designer.
Classificando o aumento do valor da propina como um “impasse”, Matilde lamentou que haja casa vez menos estudantes “a vir para a faculdade” por causa da propina, da alimentação e da falta camas em residências públicas.
“Belas belas era acabar com elas” e “Propinas: O Iceberg da educação” foram algumas das frases que se podiam ler nos vários cartazes feitos pelos manifestantes.
José Pinho, da Faculdade de Letras, decidiu associar-se ao protesto porque “os estudantes estão perante um ataque”.
“Tivemos no início deste ano letivo notícias de menos 9 mil candidaturas para entrar na Universidade do Porto, o que demonstra que alguma coisa está a falhar, seja no sistema de avaliação do secundário, seja também no conjunto de entraves que existem no ensino superior para a entrada e a permanência dos estudantes”, criticou, sugerindo que o aumento das propinas “numa altura em que aumenta também o custo de vida” deverá piorar estes números.
O Governo quer descongelar, a partir do ano letivo 2026/2027, o valor das propinas das licenciaturas, que não sofrem alterações desde 2020 e passará de 697 para 710 euros, anunciou o ministro da Educação no início do mês de setembro.