Em causa não está o aumento dos salários dos políticos, mas o fim do corte de 5% dos vencimentos que foi aplicado em 2010 no contexto da crise financeira que levaria ao pedido de ajuda externa por parte de Portugal em 2011.
Elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa chegaram à Assembleia da República pelas 11:20 para retirar os pendões colocados pelo Chega, mas quando se aproximaram das janelas as faixas foram recolhidas a partir do interior do edifício.
Os bombeiros montaram uma grua para aceder às janelas e retirar as faixas colocadas na fachada principal do Palácio de São Bento, mas acabaram por não ter de intervir uma vez que, quando os bombeiros se aproximaram, estas começaram a ser puxadas por elementos do partido, entre os quais o líder, André Ventura, a partir do interior.
Os sapadores seguiram depois para a lateral do palácio e para o edifício novo e os pendões foram sendo retirados um a um, por elementos do partido, mas só depois de os bombeiros se aproximarem de cada uma das janelas dos gabinetes que lhe estão atribuídos.
O regimento esteve no local durante cerca de meia hora, mas todas as faixas foram retiradas pelo partido.
O Chega colocou de manhã vários pendões na fachada do edifício da Assembleia da República contra o fim do corte nos vencimentos dos políticos, que foi aprovado no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano.
No arranque dos trabalhos, o presidente da Assembleia da República disse que notificou o Chega para retirar os pendões e que, se tal não fosse feito, iria pedir a intervenção dos bombeiros.
Em declarações aos jornalistas depois da discussão do tema em plenário mas antes da chegada dos bombeiros, o líder do Chega indicou que as faixas seriam retiradas após a votação do Orçamento do Estado.
André Ventura sustentou que a proposta “na verdade é um aumento” dos vencimentos dos políticos e que “muitos outros setores ainda vivem com os cortes da “troika””, dando como exemplo as indemnizações por despedimentos ou o número de dias de férias.
“Os políticos estão a tratar de si próprios antes de tratar do país”, criticou, defendendo que esta ação era “a única forma de o país perceber que está a ser roubado” e recusou que se trate de vandalismo, mesmo quando está em causa um edifício que é património nacional.
O presidente do Chega voltou a dizer que todos os deputados do seu partido vão prescindir do valor e ainda hoje iriam entregar “nos serviços financeiros da Assembleia da República uma carta assinada por todos a dizer que não querem receber no seu salário de janeiro a reposição que vai ser feita” e indicou que vai dar indicação aos restantes eleitos, como os autarcas, para fazerem o mesmo.
As faixas foram colocadas nas fachadas principal e lateral do edifício da Assembleia da República e também no chamado edifício novo do parlamento, penduradas em várias janelas, com a inscrição “OE2025 aumenta salários dos políticos. Vergonha”.
Além desta inscrição, existiam também pendões em tom de vermelho com montagens de fotografias do primeiro-ministro, Luís Montenegro, do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e do líder do CDS-PP, Nuno Melo, como se estivessem a mostrar dinheiro em frente à cara.
Em causa não está o aumento dos salários dos políticos, mas o fim do corte de 5% dos vencimentos que foi aplicado em 2010 no contexto da crise financeira que levaria ao pedido de ajuda externa por parte de Portugal em 2011.
A proposta de PSD e CDS-PP foi aprovada com os votos contra do Chega, IL, Livre e BE, abstenção do PCP e votos a favor dos demais.