Estudo alerta para necessidade de descentralizar apoios no Porto

Os resultados do estudo demonstram que a maioria das organizações (76,9%) tem como principal fonte de financiamento o financiamento público, o que as torna “mais vulneráveis às mudanças nas políticas governamentais”.

Abril 30, 2025

Um estudo da Universidade Católica Portuguesa (UCP) do Porto, que envolveu 195 organizações da sociedade civil do distrito, aponta para a necessidade de os apoios serem descentralizados e de o trabalho em rede ser fortalecido, foi hoje revelado.

O estudo, desenvolvido pela equipa da Área Transversal da Economia Social no âmbito do programa JUNTOS!Porto, permitiu caracterizar as organizações da sociedade civil do distrito do Porto, bem como identificar as suas necessidades e capacidades.

Através de questionários e grupos focais presenciais, as 195 organizações responderam a sete dimensões: governança, práticas de gestão, trabalho programático e qualidade da intervenção, gestão de pessoas, gestão financeira e angariação de fundos,

Os resultados do estudo demonstram que a maioria das organizações (76,9%) tem como principal fonte de financiamento o financiamento público, o que as torna “mais vulneráveis às mudanças nas políticas governamentais”.

“Apenas uma percentagem pouco significativa [de organizações] mobiliza receitas através de financiamentos privados, tais como prémios, candidaturas, etc. (20,5%) e a venda de produtos ou serviços (16,9%)”, assinala em comunicado a instituição.

Apesar das parcerias terem aumentado, apenas 15,4% das organizações assumem posições de liderança ativa nas redes em que participam “evidenciando a necessidade de maior proatividade na partilha de boas práticas”.

Os resultados evidenciam uma “perceção positiva das organizações sobre o funcionamento dos seus órgãos executivos”, apesar de terem sido identificados desafios relacionados com a renovação de lideranças e necessidade de um planeamento estratégico “mais robusto”.

As organizações assinalaram ainda a necessidade de formação nas áreas de gestão estratégica e angariação de fundos.

O estudo revelou também “uma concentração significativa na distribuição geográfica” das organizações no distrito do Porto e concelhos a litoral, como o Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos que, em conjunto, representam mais de metade das entidades envolvidas.

Citado no comunicado, Filipe Pinto, da Área Transversal para a Economia Social (ATES) da UCP salienta que o estudo “oferece um retrato fundamental” das organizações do distrito ao destacar os desafios e oportunidades para fortalecer o setor.

“A necessidade de renovação de lideranças, de um planeamento estratégico mais robusto e da diversificação de fontes de financiamento são aspetos cruciais, com base nos resultados do estudo, para garantir a sustentabilidade das OSC”, assinala.

Também a coordenadora do programa JUNTOS!Porto, Patrícia Costa, assinala que do estudo emergem áreas prioritárias de intervenção como “a descentralização de apoios, a capacitação em angariação de fundos, o fortalecimento do trabalho em rede, e o fomento do envolvimento comunitário”:

“Este diagnóstico constitui um ponto de partida sólido para ações concretas e transformadoras que visem não só responder aos desafios identificados, mas também potenciar as capacidades e o papel das OSC na construção de um futuro mais inclusivo e colaborativo no distrito do Porto”, considera.

O programa JUNTOS!Porto é uma iniciativa conjunta da Fundação “la Caixa” e da Fundação Aga Khan Portugal, em parceria com a União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social, Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal/Núcleo Distrital do Porto e Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto.

Partilhar

Pub

Outras notícias