Houve 30 pessoas que receberam um e-mail da FMUP a dar conta que tinham entrado no curso de Medicina, mas esse e-mail não foi homologado pelo reitor, como manda a lei.
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) avançou hoje à Lusa que foi a própria instituição a informar o reitor, António de Sousa Pereira, de “eventuais inconformidades processuais” no concurso para o curso de Medicina para licenciados.
“A FMUP informa que foi a própria Faculdade que, proativamente e no cumprimento do seu dever legal e de lealdade para com U.Porto [Universidade do Porto], informou o Reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, no dia 11 de setembro, da existência de eventuais inconformidades processuais no decurso do Concurso Especial para Licenciados 2025”, lê-se num comunicado de imprensa enviado à Lusa.
O reitor da U.Porto, António de Sousa Pereira, denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima – 14 valores – na prova exigida no curso especial de acesso, avançou o semanário Expresso na edição de 05 de setembro.
A nota mínima na prova, segundo o regulamento publicado em Diário da República, é de 14 valores. Apenas sete estudantes tiveram essa nota.
Houve 30 pessoas que receberam um e-mail da FMUP a dar conta que tinham entrado no curso de Medicina, mas esse e-mail não foi homologado pelo reitor, como manda a lei.
A Procuradoria-Geral da República confirmou hoje à Lusa que existe um inquérito a correr no Ministério Público relacionado com o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina da FMUP.
A Lusa pediu à FMUP para explicar quais são essas “eventuais inconformidades processuais” detetadas no decurso do concurso especial para os licenciados candidatos, mas a instituição escusou-se, cingindo-se apenas ao que está no comunicado de imprensa.
O aviso das eventuais inconformidades processuais foi remetido à Reitoria após o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, ter tomado conhecimento dessas eventuais inconformidades no dia 09 de setembro, “através de um e-mail recebido, e após ter tomado diligências para apurar essas eventuais inconformidades, interna e subsequentemente”.
Segundo o comunicado, a Reitoria da U.Porto comunicou à FMUP, no dia 12 de setembro, que participou a informação veiculada pela Faculdade ao Ministério Público.
“A FMUP reitera que está totalmente empenhada em defender a tranquilidade no seio da comunidade académica, de forma a continuar a garantir o cumprimento da sua nobre e institucional missão de ensino, investigação, assistência e inovação na área da saúde”, e sublinha que durante todo o processo “agiu sempre de boa-fé e sem qualquer intenção de prejudicar ou privilegiar nenhum candidato ou grupo de candidatos”.
O Senado Académico da U.Porto reuniu-se na quarta-feira para ouvir a Reitoria e a direção da FMUP sobre o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina, mas aquele órgão não tomou qualquer resolução.
A 06 de setembro, a Federação Académica do Porto (FAP) e as associações de estudantes da U.Porto pediram a convocação urgente de um Senado Académico para que os dirigentes responsáveis — Reitoria da U.Porto e direção da FMUP – viessem explicar as polémicas do caso dos 30 candidatos a Medicina informados que tinham entrado no curso especial de acesso sem a homologação do reitor.
A polémica deste caso vai ser discutida no parlamento, com o ministro da Educação, Fernando Alexandre, e o reitor da U.Porto a serem chamados.
Segundo avançou a FAP, o presidente da federação, Francisco Fernandes, vai ser ouvido dia 23 de outubro.