Escritora algarvia é a sétima mulher a receber o prémio. Júri destaca a amplitude temática da sua obra e a intervenção cívica que tem marcado o debate democrático.

A escritora Lídia Jorge, uma das vozes maiores da literatura portuguesa contemporânea, é a vencedora do Prémio Pessoa 2025, o mais importante galardão cultural atribuído em Portugal. Aos 79 anos, a romancista, cronista, contista e poeta torna-se a sétima mulher a ser distinguida em 39 edições do prémio e a primeira romancista a recebê-lo. Ao PÚBLICO, horas depois do anúncio, afirmou: “Foi uma maravilhosa surpresa da qual ainda não me refiz.”
A decisão foi anunciada na manhã desta quinta-feira, após a reunião do júri em Seteais, numa edição simbolicamente marcada pela ausência do fundador do prémio, Francisco Pinto Balsemão, que morreu em outubro passado.
Dom Quixote felicita a escritora Lídia Jorge
A Dom Quixote congratula-se com a atribuição à escritora Lídia Jorge, acabada de anunciar, do Prémio Pessoa 2025, que constitui uma nova demonstração, a juntar a tantas outras, sobre o papel e importância do trabalho da autora no panorama literário e cultural portugueses.
O Prémio Pessoa, atualmente na 39.ª edição, iniciativa do Jornal Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, é concedido, anualmente, à personalidade que tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante na vida artística, literária ou científica, enquadramento esse em que se encaixa, sem qualquer dúvida, a autora de Misericórdia.
O júri do Prémio Pessoa, que premiou o percurso literário de Lídia Jorge, é constituído por Francisco Pedro Balsemão (Presidente), Paulo Macedo (Vice-Presidente), Ana Pinho, Ana Tostões, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Emídio Rui Vilar, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho Marques.
Lídia Jorge, que sucede ao compositor Luís Tinoco, vencedor do Prémio Pessoa em 2024, estreou-se com a publicação de O Dia dos Prodígios, em 1980, um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-revolução, e desde então tem publicado obras nas áreas do romance, conto, ensaio, teatro, crónica e poesia.
Os seus textos têm sido adaptados para teatro, televisão e cinema e têm sido distinguidos com os principais prémios literários.
De entre os seus livros destacam-se A Costa dos Murmúrios, O Vale da Paixão, O Vento Assobiando nas Gruas, Os Memoráveis e Misericórdia, romance multipremiado que foi consagrado, em 2023, com o Prémio Médicis Estrangeiro, atribuído pela primeira vez a um autor de língua portuguesa.
Amplamente traduzida e publicada no estrangeiro, entre os prémios internacionais que recebeu contam-se, ainda, o Prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas de Guadalajara.