Literatura juvenil e mangá dominaram preferências dos jovens no programa cheque-livro

A grande maioria das utilizações dos cheques-livro (94%) ocorreu nas grandes cadeias livreiras.

Novembro 6, 2025

Os livros de literatura juvenil e de banda desenhada japonesa foram os preferidos dos jovens na primeira edição do programa cheque-livro, que contou com maior adesão das raparigas, revelou a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.

A primeira edição do programa cheque-livro decorreu entre 04 de novembro de 2024 e 15 de julho 2025 e consistiu na atribuição de um cheque, pessoal e intransmissível, no valor de 20 euros a jovens nascidos em 2005 e 2006, para comprarem livros em livrarias físicas.

Uma análise aos livros adquiridos nesse âmbito pelos jovens revela grande diversidade de géneros e autores, com maior destaque para a literatura juvenil e “mangá”, seguido de títulos de fantasia, romance e desenvolvimento pessoal, maioritariamente de autores traduzidos, disse à Lusa Bruno Eiras, subdiretor-geral da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

De acordo com o mesmo balanço, “a preponderância das jovens do sexo feminino no acesso ao programa foi bastante evidente” tanto no que respeita aos cheques-livro emitidos (64%) como aos utilizados (65%).

Os autores de língua portuguesa que mais se destacaram foram Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Fernando Pessoa, José Eduardo Agualusa e Filipe Melo.

Entre os títulos mais procurados estiveram o romance erótico “As Cinquenta Sombras de Grey”, “O Principezinho” e coleções como “As Gémeas” (de Enid Blyton) e os mangás “Tokyo Ghoul”.

Apesar de os cheques-livro se destinarem a jovens de 18 anos, algumas das obras mais escolhidas – como as de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada ou a coleção “As Gémeas” – são recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para crianças até aos 11 anos, o que evidencia uma preferência de alguns jovens participantes por leituras associadas à infância.

Os mesmos dados revelam que, ao longo dos cerca de nove meses do programa, apenas um em cada cinco jovens elegíveis levantou o cheque-livro.

Segundo o balanço da DGLAB, foram emitidos 47.651 cheques-livro, o que correspondeu a cerca de 21,6% dos 220 mil jovens elegíveis, e do total de cheques-livro emitidos, foram utilizados 39.270, o que representou 82,4%, tendo ficado por descontar 8.381 cheques.

Do ponto de vista operacional, aderiram ao programa 128 livrarias, num total de 306 lojas, com uma maior concentração nas áreas de Lisboa e Porto, seguidos de Braga, Setúbal, Leiria e Coimbra.

A grande maioria das utilizações dos cheques-livro (94%) ocorreu nas grandes cadeias livreiras.

Entre os principais constrangimentos identificados na primeira edição, estão as desigualdades geográficas no acesso às livrarias aderentes por parte dos jovens, já que em algumas regiões essa adesão foi muito reduzida.

“Ainda assim, e num balanço mais geral, destacamos a grande diversidade de géneros e autores selecionados, a par do incentivo à leitura e da frequência das livrarias pelos jovens que foram os grandes objetivos da primeira edição do programa cheque-livro”, acrescentou Bruno Eiras.

Esta semana, a ministra da Cultura, Margarida Balseiro Lopes, anunciou no parlamento que a segunda edição do programa cheque-livro vai arrancar em janeiro e que o valor subirá de 20 para 30 euros, ainda assim muito abaixo dos 100 euros preconizados pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), mentora deste projeto, que considera que não é só com um livro que se criam hábitos de leitura.

Um estudo sobre os hábitos de leitura em Portugal, relativamente a 2024, levado a cabo pela consultora independente Gfk, e apresentado pela APEL em setembro, revelou que 76% dos portugueses afirmaram ter lido pelo menos um livro nesse ano, mas apenas 58% os tinham comprado.

A quantidade de livros lidos por pessoa, no universo da população desceu para uma média de 5,3 (abaixo dos 5,6 do ano anterior) e entre os leitores, o número médio de livros lidos também diminuiu, passando de 7,9 em 2023 para 7,2 em 2024.

As mulheres e as pessoas entre os 35 e os 54 anos estão entre os mais leais ao livro, com a faixa etária entre os 25 e os 34 anos a apresentar o maior índice de leitura. O maior crescimento da adesão à leitura situa-se entre os 15 e os 24 anos.

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