Hélder Sousa considerou ainda que a Câmara do Porto, que chegou a fechar temporariamente o espaço, em julho de 2023, por razões de segurança, “poderia ter sido mais ágil em encontrar uma solução infraestrutural para este problema”.

O cabeça de lista do Livre à Câmara do Porto, Hélder Sousa, admitiu hoje a compra do centro comercial Stop pela autarquia “se não houver outra hipótese” para manter aquele espaço como centro de criação artística independente.
“Se não houver outra hipótese, isso é uma possibilidade que temos que estudar. A nossa proposta é estudar essa possibilidade, se não houver outra alternativa, e se não chegarmos a um entendimento com os proprietários”, disse hoje Hélder Sousa aos jornalistas no Centro Comercial Stop, que funciona há vários anos como centro de salas de ensaios para músicos e artistas.
Acompanhado pelo porta-voz do Livre Rui Tavares, e pelos deputados eleitos pelo distrito do Porto Jorge Pinto e Filipa Pinto, o candidato autárquico considerou que o “edifício tem um valor simbólico para o Porto e para a sua história musical contemporânea, demasiado importante” para se perder o seu “uso público”.
Hélder Sousa considerou ainda que a Câmara do Porto, que chegou a fechar temporariamente o espaço, em julho de 2023, por razões de segurança, “poderia ter sido mais ágil em encontrar uma solução infraestrutural para este problema”.
“O principal problema do Stop é serem múltiplos proprietários e não chegarem a um acordo. Mas, dado o caráter cultural e o interesse público que estes espaços têm, a autarquia deve chegar-se à frente, deve avançar para encontrar uma solução de segurança, no fundo, que agrade a toda a gente, às autoridades, que mantenham as condições de segurança, mas também as questões de independência e a qualidade de independência que estes estúdios têm”.
“Eles foram autoconstruídos, muita gente investiu aqui muito dinheiro durante muito tempo e convém preservá-los e, para isso, a autarquia pode ajudar”, considerou, apontando ainda aos cinemas, que podem reabrir “como salas de cinema” ou “salas de espetáculo”.
Questionado sobre como seria possível preservar as rendas dos espaços a preços comportáveis para os artistas, Hélder Sousa lembrou que, se for um espaço público, “a autarquia tem toda a capacidade para exercer as rendas que lhe interessar”, especialmente numa zona da cidade “sob uma pressão turística imobiliária muito grande”.
O candidato destacou ainda “o interesse imaterial e o património imaterial” produzido e criado no Stop, que “deve ser salvaguardado”.
“É possível classificar isto como património imaterial de interesse público”, trazendo “mais visibilidade e mais contexto para a câmara municipal atuar na preservação da atividade dos músicos e coletivos que aqui trabalham”, segundo Hélder Sousa.
Na visita ao Stop cruzou-se com o adversário Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL), que também fez uma visita ao espaço, e, questionado sobre se será mais díficil proteger o edifício com a direita no poder no Porto, Hélder Sousa considerou que não sabe “o que a direita pensa sobre o espaço” e até agora “esteve no executivo e fez muito pouco para que houvesse outro desfecho deste edifício”.
“Teremos que ver. A direita já fala em expropriação de devolutos na cidade para resolver o problema da habitação. Se calhar, também estão interessados em alinhar connosco nesta ideia. Se alinharem connosco, eles alinham connosco. Não somos nós que alinharemos com eles”, concluiu.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se no domingo.