O candidato do Livre à Câmara do Porto, Hélder Sousa, mostrou-se esta quinta-feira preocupado com a “falta de clareza e informação” quanto à entrada da linha de alta velocidade em Campanhã.

O candidato do Livre à Câmara do Porto, Hélder Sousa, mostrou-se esta quinta-feira preocupado com a “falta de clareza e informação” quanto à entrada da linha de alta velocidade em Campanhã, exigindo um processo participado sobre a sua implementação.
“A linha de alta velocidade é absolutamente essencial e não é isso que está em causa. As nossas preocupações têm a ver com a falta de clareza e a falta de informação sobre como é que esse processo vai ser feito e quais são as reais implicações da linha e da estação nesta zona de Campanhã”, disse esta quinta-feira à Lusa Hélder Sousa, numa ação de pré-campanha na estação de Campanhã, no Porto.
Lembrando que aquela zona da freguesia de Campanhã “está já dividida, seja pela linha de comboio, seja pela VCI [Via de Cintura Interna] e pela Circunvalação”, Hélder Sousa lembrou que “a chegada da linha de alta velocidade é mais uma barreira infraestrutural de grandes dimensões que se vai juntar a este território”.
O cabeça de lista do Livre alertou que pode acontecer em Campanhã “daqui por 20 anos o que está a acontecer com a VCI, e arrependermo-nos do investimento que foi feito”.
Por isso, as preocupações do partido “são perceber quais são as alternativas e, se as há, quais são, como são e de que forma podem ser implementadas para esse investimento, [para] em vez de continuar a separar Campanhã, unir”, e também que o “processo seja feito de forma participada”.
“As populações afetadas têm que saber o que é que lhes vai acontecer, têm que ter perspetivas de médio prazo sobre as suas vidas. Isto é válido para as famílias que souberam pelas notícias que vão ser expropriadas, porque a linha vai passar em cima, mas também é válido para todas as instituições desta zona”, frisou.
Como o processo “foi concessionado, a concessão está em curso, está na mão de um consórcio privado”, e, para Hélder Sousa, isso “não pode ser”, considerando que as “soluções têm que ser discutidas com as pessoas para encontrar a melhor solução comum para toda a gente”.
“Os processos participados em Portugal têm esta característica de normalmente estarem fechados num “site”, onde as pessoas vão lá e fazem alguns comentários. Isso não é participação. A participação é envolver, de facto, as associações, os movimentos da sociedade civil, especialistas, claro, e toda a gente que é diretamente afetada pelo assunto”, vincou.
Sobre o facto do consórcio construtor (AVAN Norte: Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril, Gabriel Couto e fundo Serena) propor uma solução de duas pontes sobre o Douro em vez de uma, tal como previsto no caderno de encargos e no contrato de concessão, o candidato do Livre disse que isso é “uma desresponsabilização do Estado das suas funções”.
“Não se compreende e é preciso perceber muito bem como é que surge esse projeto, essa proposta, quais são as implicações que ela tem e de facto a quem é que responde esse projeto de duas pontes quando o processo político todo antes definiu que era só uma”, assinala.
Considerando o processo “nebuloso”, Hélder Sousa disse ainda que a Câmara do Porto “pôs-se de parte” do processo em vez de ser “um agente ativo e, se não tem respostas, tem que ir procurar as respostas, tem que fazer perguntas”.
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.