O Presidente da Câmara, Vítor Costa explicou que as equipas municipais continuam no terreno a executar operações de limpeza e avaliação de estragos.

O presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, disse hoje à Lusa que os prejuízos no concelho, provocados pelo mau tempo de sábado, foram de “centenas de milhares de euros” e apelou ao Governo para apoiar na reconstrução.
O autarca afirmou que o município, do distrito do Porto, está a concluir o levantamento dos danos em habitações, sobretudo na freguesia de Modivas, mas também em vias, equipamentos públicos e muros derrubados em todo o concelho, sublinhando que muitas famílias não dispõem de meios para recuperar os bens destruídos.
“O munícipio vai acudir numa primeira linha, sobretudo aos mais vulneráveis, mas não temos capacidade para ajudar todos na reconstrução. Peço ao Governo que nos ajude a ajudar”, afirmou à Lusa, defendendo que a intempérie teve impacto “de escala nacional”.
Vítor Costa explicou que as equipas municipais continuam no terreno a executar operações de limpeza e avaliação de estragos, acompanhadas pela Junta de Freguesia de Modivas e pelas unidades locais de proteção civil.
O autarca referiu que o trabalho incide tanto em casos prioritários, nomeadamente nas 16 habitações que ficaram inundadas junto à ribeira da Lage, como na análise detalhada das situações restantes.
“Estamos ainda em trabalhos de limpeza, dada a extensão das inundações. Identificámos todas as famílias afetadas e estamos a fazer um trabalho dedicado e minucioso. Muitas habitações sofreram danos estruturais, sobretudo nas caves e muros exteriores, e a extensão dos problemas pode ser ainda maior”, disse.
O presidente da câmara indicou que os seguros dos moradores podem não cobrir todos os danos, pelo que a autarquia criou uma unidade específica para avaliar formas de apoio adicional, frisando que as equipas de ação social estão a acompanhar de perto as necessidades imediatas e futuras.
“Estas famílias vão precisar de apoio na reconstrução das suas habitações e estamos a procurar soluções dentro das nossas possibilidades. A prioridade inicial passou por garantir conforto e meios de primeira necessidade às pessoas afetadas”, afirmou.
O autarca referiu que, nas primeiras horas após as cheias, alguns moradores atribuíram as inundações à alegada falta de limpeza da ribeira da Lage, mas apontou que essa perceção “não correspondia à realidade” e que foi necessário ouvir as pessoas, sem entrar em confrontos.
“A Junta de Freguesia já tinha procedido à limpeza regular da ribeira e foi incansável desde o primeiro instante. As unidades de proteção civil criadas no ano passado agiram desde o primeiro momento”, vincou.
Vítor Costa sublinhou que o mau tempo afetou não só Modivas, mas “todo o concelho”, gerando ocorrências múltiplas e danos significativos na via pública, temendo que fenómenos meteorológicos desta intensidade possam repetir-se no futuro.
“Muito dificilmente conseguiremos responder a fenómenos desta dimensão no curto prazo. As alterações climáticas são uma realidade absoluta e os territórios não estão preparados”, declarou.
O autarca defendeu que a proteção civil, a nível nacional, precisa de reforço de meios e de adaptação a fenómenos “diferentes dos tradicionais” e alertou para problemas estruturais como a impermeabilização do solo, a ocupação de linhas de água e fragilidades acumuladas no ordenamento.
“Não há solução local. A resposta tem de ser global e integrada, envolvendo administração central, autarquias e especialistas. Não é possível esperar que um município resolva sozinho problemas que são estruturais”, alertou.