Metade dos alunos a partir do 2.º ciclo passa quatro horas ou mais em frente a um ecrã

Maioria dos alunos já “virou a página” da pandemia e muitos sentem que a vida mudou pouco.

Dezembro 9, 2024

Mais de metade dos alunos a partir do 2.º ciclo passa, pelo menos, quatro horas em frente a um ecrã nos dias de semana, segundo um estudo divulgado hoje sobre o bem-estar e saúde psicológica das crianças e jovens.

A conclusão é da segunda edição do estudo do Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar (OSPBE) que, dois anos depois do primeiro relatório, voltou a olhar para a situação dos alunos portugueses, incluindo no que diz respeito ao estilo de vida.

Um dos aspetos analisados foi o tempo de ecrã e entre os 3.083 alunos do 2.º ciclo ao secundário avaliados, 52,8% passam quatro horas ou mais em frente de um ecrã nos dias de semana.

Reduzindo o tempo de ecrã para uma hora, a percentagem aumenta para 97,3%, sendo que o tempo de ecrã aumenta conforme a idade: os alunos do 12.º ano, passam, em média, quase cinco horas em frente a um ecrã e, no caso dos alunos do 5.º ano, a média não chega a três horas.

O cenário agrava-se ao fim-de-semana, quando 63,3% dos alunos passa, pelo menos, cinco horas diárias em frente a um ecrã. No caso dos mais velhos, esse tempo ultrapassa as seis horas.

A propósito destes números, o ministro da Educação, Ciência e Inovação reafirmou, durante a sessão de apresentação do relatório aos jornalistas, que o Governo vai avaliar, ao longo do ano letivo, o impacto da adesão das escolas à recomendação de proibir o uso de telemóvel nos 1.º e 2.º ciclo, referindo que o Ministério não tem ainda dados sobre o número de escolas que o fez.

Em relação ao estilo de vida, o estudo refere também que a esmagadora maioria dos alunos (94,5%) praticou atividade física, pelo menos, uma vez na semana anterior ao inquérito, sendo os alunos do 12.º ano e as raparigas que pratica menos horas semanais de desporto.

Nove em cada 10 alunos disseram não fumar e 76,4% relatam também não beber álcool, um hábito pouco frequente sobretudo entre as raparigas.

O Observatório analisou também as competências socioemocionais dos estudantes, que se destacaram pela boa relação com os colegas, o otimismo e curiosidade.

Por outro lado, registaram-se valores mais baixos em competências que implicam gestão emocional, sobretudo no que diz respeito à ansiedade nos testes, havendo espaço para melhorar também competências como a persistência, criatividade, pertença à escola, relação com os professores e confiança.

Os alunos do 5.º ano apresentam resultados mais elevados em todas as dimensões, mas são os que apresentam níveis mais elevados de “bullying”, enquanto os mais velhos, do 12.º ano, apresentam níveis mais baixos de sociabilidade, energia e sentimento de pertença à escola, mas também de “bullying”.

Comparando por géneros, as raparigas destacam-se na cooperação com os colegas, melhor relação com os professores e mais ansiedade nos testes, e os rapazes tendem a ser mais otimistas, resilientes, confiantes e sociáveis, e têm maior controlo emocional, energia e sentimento de pertença à escola.

O estudo avaliou também o bem-estar de pais, professores e outros trabalhadores das escolas, mas, segundo a investigadora Margarida Gaspar de Matos, a baixa adesão não permitiu tirar conclusões significativas, tendo participado apenas 380 docentes, 53 psicólogos, 118 assistentes operacionais, administrativos e técnicos, 94 docentes com cargos de direção, gestão ou coordenação e 347 encarregados de educação.

Maioria dos alunos já “virou a página” da pandemia e muitos sentem que a vida mudou pouco

A maioria dos alunos a partir do 2.º ciclo já “virou a página” da covid-19 e muitos sentem que a vida pouco mudou depois da pandemia, segundo um estudo divulgado hoje que mostra melhorias no bem-estar e saúde psicológica.  

Depois de um primeiro estudo realizado em 2022, o Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar (OSPBE) voltou a olhar, dois anos depois, para a situação dos alunos portugueses.

Uma das conclusões do relatório divulgado hoje é que a generalidade das 6.112 crianças e adolescentes avaliados sente-se melhor: em dois anos, o número de alunos com “situações de alguma vulnerabilidade” passou de um terço para um quarto.

Um dos aspetos em que melhoraram relaciona-se com a pandemia da covid-19 que, apesar de ter marcado a sua infância e adolescência, foi considerada ultrapassada pela maioria.

De acordo com os resultados dos 3.083 alunos avaliados do 2.º ciclo ao secundário, cerca de um quarto relata que, embora a vida em geral tenha mudado para pior, já voltou tudo ao normal.

Por outro lado, 41,3% consideram que a vida em geral mudou pouco com a pandemia.

“Os alunos parecem já ter virado a página da covid-19”, destacou a coordenadora do estudo, Margarida Gaspar de Matos, numa sessão de apresentação do relatório com jornalistas, em que explicou que a pandemia afetou de maneira diferente os alunos conforme as idades.

De acordo com as conclusões, os mais novos tendem a achar mais frequentemente que a vida piorou e ainda não recuperaram, enquanto os mais velhos mostram uma maior tendência para considerar que a vida mudou pouco e, em alguns casos, até melhorou.

Há também diferenças entre rapazes e raparigas: elas consideram que a covid-19 trouxe poucas mudanças para a sua vida e eles, independentemente de já terem recuperado, dizem que houve mudanças, boas ou más.

Entre outros aspetos avaliados, o relatório revela que a maioria dos alunos a partir do 2.º ciclo está satisfeita com a vida, mas essa satisfação tende a diminuir ao longo da idade e é mais predominante entre os rapazes do que entre as raparigas.

A mesma tendência reflete-se quando os investigadores olham para sintomas psicológicos, em que mais de um quarto dos alunos refere sentir irritação ou mau humor (30,2%), nervosismo (32,2%) e dificuldades em adormecer (27,3%). Há ainda 21,2% dos alunos que reportaram sentir tristeza.

No caso dos sintomas de depressão, stresse e ansiedade, tendem a agravar ao longo da idade, ainda que não de forma tão acentuada como no estudo anterior, e são mais frequentemente reportados pelas raparigas.

À medida que a idade aumenta, tendem também a diminuir os níveis de otimismo, controlo emocional, resiliência, confiança, curiosidade, sociabilidade, persistência, criatividade, energia, cooperação e autocontrolo.

Entre os 1.227 alunos do 3.º e 4.º anos avaliados, mais de 80% referiram não ter dificuldades num conjunto de questões como estar alegre, gostar de si, seguir regras, controlar as emoções, gostar de aprender, experimentar coisas novas, brincar com amigos de diferentes culturas, saber pedir ajuda quando é preciso, ou arranjar soluções para os problemas.

A maioria também não mencionou fragilidades quando questionados, por exemplo, se se sentiram bem na semana anterior, com energia, se tiveram tempo para si, foram bons alunos ou divertiram-se com os amigos.

Entre os mais pequenos, do pré-escolar e 1.º e 2.º anos, os resultados mostram que os rapazes têm mais problemas de comportamento e hiperatividade, enquanto as raparigas têm melhores resultados no comportamento prossocial.

O estudo avaliou também o bem-estar de pais, professores e outros trabalhadores das escolas, mas, segundo a investigadora Margarida Gaspar de Matos, a baixa adesão não permitiu tirar conclusões significativas, tendo participado apenas 380 docentes, 53 psicólogos, 118 assistentes operacionais, administrativos e técnicos, 94 docentes com cargos de direção, gestão ou coordenação e 347 encarregados de educação.

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