Luís Montenegro acrescentou que “o PS não se pode estar rir”, dizendo que andou “anos a mostrar pavor do Chega”.
O primeiro-ministro acusou o PS de “dar colo” ao Chega e o partido de André Ventura de ser o “chega-me isso” dos socialistas, afirmando que não se deixará intimidar “com apreciações precipitadas e jogadas de bastidores”.
No jantar que marca o arranque das comemorações dos 50 anos da fundação do PSD, em Lisboa, Luís Montenegro afirmou que o “ambiente político anda estranho” e espera que os partidos da oposição “que se desdobram em entrevistas” possam explicar “uma das maiores incógnitas que deve assolar o pensamento dos portugueses”.
“Como é que um partido como o Chega andou uma campanha eleitoral inteira a dizer que era absolutamente necessário correr com os socialistas do Governo, e agora depois das eleições são uma espécie de “chega-me isso” do PS?”, questionou, numa alusão a votações de iniciativas viabilizadas com os votos dos dois partidos no parlamento nas últimas semanas, contra a vontade do PSD.
Luís Montenegro acrescentou que “o PS não se pode estar rir”, dizendo que andou “anos a mostrar pavor do Chega”.
“De tal maneira, que eu não tinha um segundo de descanso, era Chega para aqui e Chega para acolá. Mas afinal o PS não se importa de dar colo, de dar colinho ao Chega e não se passa nada. O Chega é o “chega-me isso” do PS, o PS dá colo ao Chega e não se passa nada, está certo…”, ironizou.
Montenegro procurou contrapor que o Governo irá continuar “com dedicação exclusiva” aos problemas dos portugueses e deixou uma palavra especial sobre os processos negociais já iniciados com as forças de segurança, oficiais de justiça, professores e profissionais de saúde.
“Podem dizer que o início das negociações não agradou a todos os profissionais, mas convém recordar duas coisas: em primeiro lugar, se os assuntos estivessem resolvidos, não era precioso haver negociações”, disse, salientando que o Governo está em funções há 30 dias e o do PS teve 3.050 dias.
Por outro lado, assegurou que este Governo — “nem nenhum teria coragem de o fazer” — não quer piorar a situação de nenhum grupo profissional.
“Não vale a pena atirarem areia para os olhos de ninguém, seremos sempre equilibrados, justos e leais e negociar com toda a gente, mas queremos o mesmo espírito de lealdade do outro lado da mesa. esteja quem estiver, e se estiverem interlocutores com especial responsabilidade, a esses teremos de pedir especial responsabilidade”, avisou.
Numa intervenção de cerca de meia hora, Montenegro acusou os partidos da oposição de se distraírem “com manobras parlamentares” enquanto o Governo se prepara para apresentar um programa de emergência na saúde ou acelerar a execução de fundos comunitários, e prometeu para breve a concretização de compromissos eleitorais dirigidos aos jovens.
Antes, o líder da JSD, Alexandre Poço, tinha deixado um apelo ao primeiro-ministro para que marcasse o ano das comemorações dos 50 anos da democracia e do PSD com o cumprimento de duas medidas que constavam do programa eleitoral da AD.
“Conseguirmos criar um programa para a compra da primeira habitação ao mesmo tempo que criamos um regime fiscal para a juventude portuguesa”, desafiou Poço, recebendo como resposta de Montenegro que haverá novidades sobre estas propostas “nas próximas semanas”.
O líder do PSD, que teve na mesa de honra o cabeça de lista da AD às europeias de 09 de junho, o independente Sebastião Bugalho, deixou um apelo e uma meta para este sufrágio.
“Não se incomodem muito com os partidos da oposição que só procuram desforra eleitoral, as eleições europeias não são uma oportunidade de desforra eleitoral, mas são uma oportunidade para tornarmos a ganhar mais umas eleições, a bem de Portugal e da Europa”, afirmou.