“Eu admito que há algumas realidades que não são benéficas, porque não tratam da dignidade das pessoas, se nós tivermos as pessoas acomodadas e exploradas como acontece em algumas zonas”, afirma o líder da Aliança Democrática.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou hoje que situações de imigração não integrada, em condições instáveis e pouco dignas, criam um sentimento de insegurança que deve ser combatido, defendendo mais regulação e integração.
“É preciso regulação e é preciso que isso depois se expresse numa política de integração mais efetiva, para nomeadamente não criar zonas de insegurança, zonas onde as populações estão mais expostas a situações, enfim, que lhes dão um sentimento de insegurança que nós devemos obviar”, defendeu o presidente do PSD, em declarações aos jornalistas em Elvas, no distrito de Portalegre.
Luís Montenegro, que falava durante uma visita à Cersul — Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul inserida na campanha da Aliança Democrática (AD), foi questionado se concorda com o ex-primeiro-ministro e antigo presidente do PSD Pedro Passos Coelho, que na segunda-feira associou a imigração à insegurança.
“Eu admito que há algumas realidades que não são benéficas, porque não tratam da dignidade das pessoas, se nós tivermos as pessoas acomodadas e exploradas como acontece em algumas zonas”, respondeu.
Luís Montenegro deu como exemplo “um episódio fatal em que duas pessoas morreram em Lisboa” e se constatou que “mais ou menos vinte pessoas” viviam “num espaço exíguo”.
“Esse tipo de situação acaba por traduzir-se numa instabilidade tal dessas pessoas que, aos olhos de todos, nós tememos pela nossa segurança. É normal que isso aconteça”, considerou.
“Eu não estou a dizer que as pessoas vêm do estrangeiro para Portugal têm essa tendência para criar problemas, mas criam um sentimento, quando não são bem integradas, e esse sentimento tem de ser combatido, como é evidente”, acrescentou.
Na segunda-feira, Pedro Passos Coelho juntou-se à campanha da AD num comício em Faro, no Algarve, e no seu discurso acusou o PS de ter aumentado a insegurança no país, que associou à imigração.
A este propósito, Passos Coelho recordou uma afirmação que fez em 2016, na Festa do Pontal, no Algarve, quando liderava o PSD na oposição: “Nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro”.
“Na altura, o Governo fez ouvidos moucos disso, e na verdade hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso”, sustentou o ex-primeiro-ministro.
Hoje, interrogado se a imigração é um problema, Luís Montenegro declarou: “A imigração é um desafio que nós temos pela frente”.
“É indispensável haver uma regulamentação e, portanto, não ter uma política de portas escancaradas, mas é fundamental também ter boas políticas de integração, de acolhimento e de conferir dignidade às pessoas que nos procuram para aqui construir os seus projetos de vida”, defendeu.
O presidente do PSD definiu-se como tendo uma posição “de equilíbrio” nesta matéria, não querendo uma política “nem de portas escancaradas, nem de portas fechadas e trancadas à chave”.
“É preciso haver regulação e é preciso, sobretudo, haver políticas de integração”, reforçou.
Luís Montenegro salientou que “os imigrantes — é bom também lembrar — já hoje têm um nível de contribuição por exemplo para a Segurança Social muito relevante: mais de 10% das contribuições para a Segurança Social”.
“Nós não nos conformamos com a utilização de capital humano com fins de aproveitamento criminoso da capacidade de trabalho das pessoas. Imigrantes que vêm para aqui e que são tratados, enfim, quase como objetos em que redes de tráfico vão absorver grande parte do rendimento do trabalho dessas pessoas não é a imigração que nós queremos”, disse.
Para o presidente do PSD, é desejável uma imigração em que “as pessoas venham com as suas famílias, que se estabeleçam aqui, que se integrem aqui, que possam ajudar Portugal em termos de qualificação e em termos de capacidade de trabalho”.