Montenegro diz que imigração não integrada cria sentimento de insegurança

“Eu admito que há algumas realidades que não são benéficas, porque não tratam da dignidade das pessoas, se nós tivermos as pessoas acomodadas e exploradas como acontece em algumas zonas”, afirma o líder da Aliança Democrática.

Fevereiro 27, 2024

O presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou hoje que situações de imigração não integrada, em condições instáveis e pouco dignas, criam um sentimento de insegurança que deve ser combatido, defendendo mais regulação e integração.

“É preciso regulação e é preciso que isso depois se expresse numa política de integração mais efetiva, para nomeadamente não criar zonas de insegurança, zonas onde as populações estão mais expostas a situações, enfim, que lhes dão um sentimento de insegurança que nós devemos obviar”, defendeu o presidente do PSD, em declarações aos jornalistas em Elvas, no distrito de Portalegre.

Luís Montenegro, que falava durante uma visita à Cersul — Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul inserida na campanha da Aliança Democrática (AD), foi questionado se concorda com o ex-primeiro-ministro e antigo presidente do PSD Pedro Passos Coelho, que na segunda-feira associou a imigração à insegurança.

“Eu admito que há algumas realidades que não são benéficas, porque não tratam da dignidade das pessoas, se nós tivermos as pessoas acomodadas e exploradas como acontece em algumas zonas”, respondeu.

Luís Montenegro deu como exemplo “um episódio fatal em que duas pessoas morreram em Lisboa” e se constatou que “mais ou menos vinte pessoas” viviam “num espaço exíguo”.

“Esse tipo de situação acaba por traduzir-se numa instabilidade tal dessas pessoas que, aos olhos de todos, nós tememos pela nossa segurança. É normal que isso aconteça”, considerou.

“Eu não estou a dizer que as pessoas vêm do estrangeiro para Portugal têm essa tendência para criar problemas, mas criam um sentimento, quando não são bem integradas, e esse sentimento tem de ser combatido, como é evidente”, acrescentou.

Na segunda-feira, Pedro Passos Coelho juntou-se à campanha da AD num comício em Faro, no Algarve, e no seu discurso acusou o PS de ter aumentado a insegurança no país, que associou à imigração.

A este propósito, Passos Coelho recordou uma afirmação que fez em 2016, na Festa do Pontal, no Algarve, quando liderava o PSD na oposição: “Nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro”.

“Na altura, o Governo fez ouvidos moucos disso, e na verdade hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso”, sustentou o ex-primeiro-ministro.

Hoje, interrogado se a imigração é um problema, Luís Montenegro declarou: “A imigração é um desafio que nós temos pela frente”.

“É indispensável haver uma regulamentação e, portanto, não ter uma política de portas escancaradas, mas é fundamental também ter boas políticas de integração, de acolhimento e de conferir dignidade às pessoas que nos procuram para aqui construir os seus projetos de vida”, defendeu.

O presidente do PSD definiu-se como tendo uma posição “de equilíbrio” nesta matéria, não querendo uma política “nem de portas escancaradas, nem de portas fechadas e trancadas à chave”.

“É preciso haver regulação e é preciso, sobretudo, haver políticas de integração”, reforçou.

Luís Montenegro salientou que “os imigrantes — é bom também lembrar — já hoje têm um nível de contribuição por exemplo para a Segurança Social muito relevante: mais de 10% das contribuições para a Segurança Social”.

“Nós não nos conformamos com a utilização de capital humano com fins de aproveitamento criminoso da capacidade de trabalho das pessoas. Imigrantes que vêm para aqui e que são tratados, enfim, quase como objetos em que redes de tráfico vão absorver grande parte do rendimento do trabalho dessas pessoas não é a imigração que nós queremos”, disse.

Para o presidente do PSD, é desejável uma imigração em que “as pessoas venham com as suas famílias, que se estabeleçam aqui, que se integrem aqui, que possam ajudar Portugal em termos de qualificação e em termos de capacidade de trabalho”.

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