Luís Montenegro recorda “símbolo da fundação” do PSD que “espicaçava” partido.
O militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, morreu esta terça-feira, confirmou à Lusa fonte oficial do partido.
A notícia da morte, aos 88 anos, do antigo primeiro-ministro foi transmitida pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, durante o Conselho Nacional do partido, sendo audíveis aplausos na sala.
Quase à mesma hora, em comunicado, a Impresa, grupo de comunicação social que fundou, informou que Francisco Pinto Balsemão morreu “de causas naturais” e que “os seus últimos momentos foram acompanhados pela família”.
Balsemão foi fundador, em 1973, do semanário o Expresso, ainda durante a ditadura, e da SIC, primeira televisão privada em Portugal, em 1992.
Foi um dos fundadores, com Francisco Sá Carneiro, do Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata PSD), em 1974, era, até hoje, o seu militante número um, e era atualmente membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A sua última intervenção política, já doente, aconteceu há exatamente 35 dias, em 16 de setembro, através de uma mensagem escrita de apoio ao candidato presidencial Luís Marques Mendes, ex-presidente do PSD.
O antigo primeiro-ministro manifestou confiança numa vitória de Marques Mendes nas eleições presidenciais, mas avisou que “não vai ser fácil”, com “candidatos para todos os gostos” e “saturação de eleições muito próximas”.
“Não vai ser fácil a missão que temos pela frente, com eleições autárquicas pelo caminho, a diversidade de candidatos à Presidência da República para todos os gostos e uma população ainda ferida pela calamidade dos incêndios e o brutal acidente em Lisboa com as dolorosas consequências que todos lamentamos”, avisou, numa mensagem dirigida às comissão política da candidatura presidencial de Marques Mendes.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou o fundador do partido como “símbolo da fundação” do PSD e lembrou as muitas vezes que espicaçava o partido para “aprofundar a social-democracia”.
E anunciou que o Governo pretende decretar um dia de luto nacional para a data do funeral de Francisco Pinto Balsemão, que morreu hoje aos 88 anos.
Montenegro recorda “símbolo da fundação” do PSD que “espicaçava” partido
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou Francisco Pinto Balsemão como “símbolo da fundação” do PSD e lembrou as muitas vezes que espicaçava o partido para “aprofundar a social-democracia”.
O presidente do PSD falava aos jornalistas a meio do Conselho Nacional do partido, durante o qual recebeu a notícia da morte do fundador e militante número um dos sociais-democratas, hoje aos 88 anos.
“Em primeiro lugar, queria transmitir daqui uma palavra de muita solidariedade a toda a família do dr. Francisco Pinto Balsemão e dizer que foi com muita consternação que eu próprio recebi em primeira mão a notícia e a transmiti ao Conselho Nacional do PSD. Naturalmente, prestámos já uma muito justa, merecida, calorosa, profunda homenagem àquele que é o símbolo da nossa fundação, dos nossos valores, do nosso percurso enquanto organização cívica, política e instrumento de intervenção no nosso país”, afirmou.
Foram audíveis aplausos no Conselho Nacional depois de Luís Montenegro ter transmitido a notícia da morte de Pinto Balsemão.
O primeiro-ministro lamentou a “notícia muito triste” da morte de alguém que “foi sempre muito próximo, que foi sempre muito presente, até ao fim” na vida do PSD.
“Sempre com uma palavra amiga, com uma palavra de estímulo, com uma palavra de apreciação, de análise, que em todas as campanhas eleitorais, em todos os momentos de reflexão, nunca escondeu os seus pontos de vista e muitas vezes nos espicaçava para podermos aprofundar a social-democracia à luz daquela que é a situação hoje do país, da Europa, do mundo”, afirmou.
Montenegro recordou que Francisco Pinto Balsemão, com Magalhães Mota e Francisco Sá Carneiro, “patrocinaram e fomentaram o ato de constituição do PPD, na altura, hoje PSD”.
“Estruturando a sua matriz ideológica e afirmando os seus princípios programáticos e os seus valores que ainda hoje nos inspiram, que ainda hoje nos alimentam, que ainda hoje, de resto, estiveram bem presentes naqueles que foram os nossos protagonistas de candidaturas autárquicas, a própria formalização e promoção da autonomia do poder local em 1976”, destacou.
Montenegro recordou Balsemão como alguém, que como primeiro-ministro e líder do PSD, conseguiu “transformar a vida do país e consumar em decisões políticas os princípios de valorização da iniciativa privada, os princípios de respeito pelos valores e direitos fundamentais dos cidadãos, o acesso à saúde, o acesso à educação, o acesso à mobilidade, o acesso à habitação, como instrumentos de dignidade da pessoa e de promoção de uma verdadeira igualdade de oportunidades”.
“Esses princípios são ainda da matriz identitária do PSD e, portanto, é com profundo pesar e muita, muita tristeza que nós recebemos esta notícia”, disse.
O líder do PSD destacou ainda o papel de Pinto Balsemão na formação de uma “comunicação social livre” em Portugal.
“A fundação, nomeadamente do Expresso e depois mais tarde do grupo Impresa, são boas demonstrações da vontade que a personalidade de Francisco Pinto Balsemão sempre teve, para além da intervenção política direta através da instituição que fundou, o PSD, através dos cargos públicos que desempenhou, também na sua vida profissional acabou por dinamizar e aprofundar a nossa democracia”, afirmo.
Questionado se se recordava da última vez que trocou impressões com o militante número um do PSD, Montenegro disse ter falado com ele “antes e depois das eleições legislativas”, “por alturas do verão”.
Fundador e militante número um do PSD, Balsemão chefiou o VII e o VIII governos constitucionais, entre 1981 e 1983. Fundou o jornal Expresso, antes do 25 de Abril, e mais tarde a SIC.