O coletivo de juízas recusou suspender o julgamento da Operação Marquês.
O ex-primeiro ministro José Sócrates acusou as juízas do processo Operação Marquês de “completa parcialidade” na recusa de suspender o julgamento que começou esta quinta-feira em Lisboa.
“A juíza vai mostrando a sua completa parcialidade”, afirmou José Sócrates em declarações aos jornalistas à saída do tribunal, referindo-se à recusa do requerimento apresentado esta quinta-feira pelo seu advogado para suspender o julgamento até existir uma decisão relativa aos dois requerimentos de recusa apresentados na quarta-feira.
“As juízas do Processo Marques estão todas em exclusividade”, afirmou o ex-primeiro ministro, considerando que “a longa mão do Conselho Superior da Magistratura está por todo o lado” e cria um “problema muito sério” em relação ao processo, por estar a “exercer uma tutela administrativa sobre um processo judicial”.
“O Conselho Superior da Magistratura também faz a avaliação dos juízes (…) há um conflito entre estar em exclusividade e ser depois avaliado só sobre o que aconteceu neste processo”, disse ao final da manhã, depois de a sessão ter sido interrompida para almoço, tendo recomeço marcado para as 14:00.
Onze anos após a detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, arrancou esta quinta-feira o julgamento da Operação Marquês, que leva a tribunal o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650 testemunhas.
Estão em causa 117 crimes, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.