Movimentos e associações têm instado as entidades competentes a repensar o projeto para a avenida “como um todo”, já que se mantiveram duas vias para automóveis e nenhuma para meios de mobilidade suave, apesar da sua utilização.
Pais do Colégio Alemão do Porto que vão com os filhos para a escola de bicicleta estão preocupados com a segurança cicloviária na Avenida da Boavista, pois deixarão de utilizar o canal do metrobus quando este começar a operar.
“Quando chegarem os veículos do metrobus e for impossível utilizar o canal, vai ser extremamente difícil circular na Avenida da Boavista”, alertou à Lusa Tiago Castela, pai que faz parte de um grupo que organiza um comboio de bicicletas com pais, crianças e funcionários do Colégio Alemão do Porto.
Em causa está um movimento recente que, às sextas-feiras, segue pela Avenida da Boavista até ao colégio juntando dezenas de pessoas pelo caminho, com as crianças a pedalar, utilizando o canal do metrobus enquanto este não é ocupado pelos veículos que deverão chegar este mês.
Movimentos e associações têm instado as entidades competentes a repensar o projeto para a avenida “como um todo”, já que se mantiveram duas vias para automóveis e nenhuma para meios de mobilidade suave, apesar da sua utilização.
A organização do comboio de bicicletas surgiu, este ano, por haver “um conjunto de pais e crianças, e também de funcionários, que se deslocam diariamente para a escola de bicicleta”, pois há “de facto, muita utilização todos os dias” deste meio.
Tiago Castela, que também faz parte do Conselho de Pais do colégio, refere até que “uma das discussões recorrentes é a necessidade de mais estacionamento para bicicletas na escola neste momento, porque de facto o que há é muito limitado para as necessidades”.
Questionado sobre a chegada do metrobus, refere que as bicicletas até “podem circular na faixa de rodagem com os carros, mas o problema na Avenida da Boavista, e a maneira como foi redesenhada, [é que] as faixas estão muito estreitas neste momento”.
Para Tiago Castela, será “muito difícil” circular na Avenida da Boavista “nas horas que interessam, que são as horas em que há mais trânsito, em que as pessoas estão a ir para a escola ou a voltar da escola”.
“A vantagem da bicicleta, que é poder evitar o trânsito quando ele existe, com o desenho atual da Avenida é impossível”, aponta, considerando que “em 2024 e 2025 fazer obras como as que se fizeram, e não ser obrigatório para os projetistas preverem um canal para bicicletas, é absolutamente incompreensível”.
Porém, insiste na realização do comboio semanal no futuro, e para isso os pais estão já a elaborar uma carta para a Câmara do Porto “para informar” e “encorajar” a autarquia “a pensar em soluções para este tipo de iniciativas se generalizarem na cidade”.
“Tirando algumas zonas junto ao vale do rio, em que há declives muito grandes, é uma cidade muito ciclável e é perfeitamente possível uma iniciativa destas ser alargada a toda a rede escolar no Porto, escolas públicas e privadas”, considera.
Para Tiago Castela, “o ideal mesmo era que se criasse um programa semelhante ao de Lisboa, ou como existe noutras cidades, em que um grupo de pais ou a própria escola se pode candidatar a ter rotas de “bikebus”, e há apoio da câmara, apoio técnico para esse processo”.
O apelo acontece na véspera de uma Kidical Mass, movimento que no domingo reivindicará “rotas seguras para as escolas”, “envolventes escolares seguras e livres de poluição do ar, ruído e tráfego motorizado de atravessamento”, “limite de 30 km/h nas localidades e ruas com pessoas” e “ciclovias largas, contínuas e com cruzamentos seguros, em estradas principais”, desta vez também em Vila Nova de Gaia e Gondomar.
“Eu participo nos grupos de bicicletas da Área Metropolitana do Porto e cada vez mais aparecem pessoas dessas duas cidades”, disse à Lusa Ana Guerra Rosbach, porta-voz, justificando o alargamento de um movimento que antes abrangia apenas Porto e Matosinhos.
Os pontos de encontro são às 14:15 na Praça da República (Porto), na Casa Branca de Gramido (Gondomar) e na Praceta Salvador Caetano (Gaia), e às 15:30 na Praça Guilherme Pinto (Matosinhos), seguindo depois para o Passeio Alegre.