Villas-Boas critica “paz podre” no futebol português e defende representação na UEFA.
O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, manifestou-se “bastante preocupado” com as eleições na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), por sentir perspetivas “totalmente diferentes” quanto aos candidatos pelos “três grandes”.
“Estou bastante preocupado com as eleições da LPFP. Temos perspetivas totalmente diferentes a nível do posicionamento dos candidatos. Não desrespeitando Reinaldo Teixeira, com anos de dirigismo no futebol português, a nível de competências, plano, estrutura, parece-me ser uma diferença enorme. Lamento que alguns clubes estejam agarrados a compromissos de palavra”, atirou André Villas-Boas, à chegada ao jantar comemorativo do 111.º aniversário da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Pedro Proença deixou a presidência da Liga, precisamente para presidir à FPF, com a “corrida” à sucessão entregue a Reinaldo Teixeira, líder da Associação de Futebol do Algarve, e José Gomes Mendes, presidente de Mesa da Assembleia Geral da LPFP.
Benfica e Sporting subscreveram a candidatura de Reinaldo Teixeira, com os “dragões” mais inclinados para Gomes Mendes.
Para Villas-Boas, “houve um desalinhamento”, depois de um entendimento anterior, fruto de “circunstâncias diferentes” e “algumas divergências relativamente ao posicionamento do novo presidente” da Liga.
O líder “azul e branco” foi muito crítico quanto ao estado da Liga e do futebol português, denunciando a “patetice absoluta” e “conversa de recreio” que diz permear as Cimeiras de Presidentes.
“Em duas Cimeiras em que estive, discutiu-se zero o futebol português. Lancei um tema relevante, que era os candidatos submeterem-se a perguntas dos clubes sobre os programas, já lancei o tema do VAR. Estou disponível para ajudar o futebol português”, declarou.
As eleições para presidência da LPFP, que visam o mandato intercalar 2025-2027, estão agendadas para 11 de abril.
Villas-Boas critica “paz podre” no futebol português e defende representação na UEFA
O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, criticou o diferendo entre Fernando Gomes, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e Pedro Proença, que lhe sucedeu, por uma “paz podre” que ameaça a representação lusa na UEFA.
“O futebol português está gravemente doente, e andamos a enganar-nos uns aos outros há bastante tempo. Não bastam as recentes questões entre o ex-presidente da FPF e o atual, mas também um certo desalinhamento entre os três “grandes” e continuarmos a adiar discussões da Liga Centralização, o videoárbitro (VAR), temas de tecnologia no futebol português que continuam em atraso”, declarou, à chegada ao jantar que comemora o 111.º aniversário da FPF, na Cidade do Futebol, em Oeiras.
Villas-Boas conversou durante largos minutos com os jornalistas num tom crítico para o estado atual da modalidade em Portugal, lamentando que, ao final de perto de um ano à frente dos “dragões”, as coisas continuem “a caminhar no mau sentido”.
“Explode um desalinhamento evidente que já se vinha a sentir entre dois grandes presidentes, um da Liga, e outro grande presidente desta federação, se calhar, o mais importante presidente da FPF, que atingiu resultados históricos. Constata-se que vivemos há muitos anos nesta paz podre e continuamos a atrasar-nos na nossa evolução”, lamentou.
O risco de perder terreno no coeficiente UEFA para a Bélgica, e por isso representação na Liga dos Campeões e Liga Europa, foi também referido pelo dirigente “azul e branco”.
“Se calhar, em breve, estamos mesmo destinados à Liga Conferência. Se calhar, é o que merecemos”, atirou.
Quanto ao diferendo entre Pedro Proença e Fernando Gomes, depois de este último, atualmente a presidir ao Comité Olímpico de Portugal (COP), ter desmentido que apoia o primeiro para o Comité Executivo da UEFA, defendeu serem “cenas lamentáveis de conflitos de poder”.
“É fundamental para o futebol português recuperar-se. (…) Para uma população tão pequena, criamos tanto talento, mas tardamos em sair desta zona de conflito em que ninguém sai valorizado”, atirou.
Assim, com um “sentimento de tristeza enorme”, pediu que surja “bom entendimento e alinhamento” para que Portugal mantenha o seu “papel estratégico fundamental no futebol europeu” e possa continuar ali representado.
Ressalvando gostar “muito” de Fernando Gomes, de quem elogiou o “grande trabalho à frente da FPF”, lamentou que esteja “de costas voltadas” com Pedro Proença, que tinha dito que o presidente do COP o apoiava para, depois, ser desmentido, por um antecessor que o acusou de querer destruir o seu legado.
“Não podemos parar a nossa evolução, temos Mundial [em 2030, com Espanha e Marrocos] à porta. Não sei como as outras federações [internacionais] vão reagir. É um passo atrás para a dignidade, transparência e ética do futebol português, não há dúvida. Se há lugar a ocupar, é no Comité Executivo da UEFA. Consegui ganhar lugar no Comité de Competições da UEFA através da Associação Europeia de Clubes, e o presidente da FPF deve estar no Comité Executivo”, comentou.