O PS/Gondomar quer propor à Comissão Nacional de Jurisdição a expulsão de Carlos Brás, agora candidato independente à autarquia, que diz já ter recebido da direção nacional do partido a confirmação do pedido de demissão. Numa moção a que a Lusa teve esta terça-feira acesso, o PS/Gondomar aponta como “censurável” a conduta do militante, ex-vereador […]
O PS/Gondomar quer propor à Comissão Nacional de Jurisdição a expulsão de Carlos Brás, agora candidato independente à autarquia, que diz já ter recebido da direção nacional do partido a confirmação do pedido de demissão.
Numa moção a que a Lusa teve esta terça-feira acesso, o PS/Gondomar aponta como “censurável” a conduta do militante, ex-vereador e ex-deputado Carlos Brás, “criando, integrando e promovendo um movimento de cidadãos com o intuito de se apresentar às eleições autárquicas de 2025 no concelho, o que constitui uma falta grave aos estatutos do PS, punida com expulsão”.
Em declarações à Lusa, o candidato independente à Câmara de Gondomar Carlos Brás considerou a deliberação “extemporânea e inoportuna”, pois apresentou a demissão à direção nacional e a mesma “confirmou a saída, a 03 de junho”.
“À direção nacional apresentei a demissão a 02 de junho. Aos órgãos concelhios apresentei antes disso”, assegurou.
O PS/Gondomar justifica a proposta de expulsão “por conduta política que atenta gravemente contra a integridade institucional, a confiança pública e a estratégia” do partido.
A falha é “punida com expulsão, por se tratar de uma lista contrária à orientação política definida pelos órgãos competentes do partido, mas que, acima de tudo, é um comportamento intolerável que deixa claro a falta de lealdade e solidariedade para com os membros do PS”, acrescenta.
O PS recorda que Brás integrou, nas legislativas de maio, as listas dos socialistas “como candidato a deputado, apresentando-se disponível para representar o partido na AR”, mas, após as eleições, veio a público afirmar que já sabia, antes mesmo da campanha eleitoral, que não tencionava assumir o cargo de deputado, mesmo que fosse eleito”.
Para o PS de Gondomar, tal “constitui uma grave violação do compromisso assumido para com os eleitores, bem como dos princípios éticos e democráticos que regem o PS, o que acarreta sério prejuízo ao prestígio e bom nome do partido”, descreve.
O PS/Gondomar sustenta que a atitude “revela desrespeito pelos eleitores e falta de honestidade para com todos os membros do partido que se empenharam na campanha para as eleições legislativas”.
Para os socialistas, o comportamento “não pode ser tolerado e muito menos branqueado a partir de um eventual pedido de demissão de militante que, a existir, nem sequer teve a firmeza de ser apresentado perante as estruturas concelhias do PS”.
A 04 de junho, o presidente da distrital do PS/Porto manifestou-se surpreendido com a candidatura independente de Carlos Brás.
No vídeo publicado na página no Facebook “Por Gondomar 2025”, renomeada depois de em 2021 ter sido a página da candidatura de Marco Martins, ex-presidente da Câmara de Gondomar (PS), Brás justificou a decisão “por achar que acima dos partidos estão as pessoas”.
Disse avançar para “dar resposta aos apelos que aumentaram após a saída de Marco Martins e que são impossíveis de ignorar”.
Marco Martins assumiu a 01 de fevereiro, a tempo inteiro, a liderança da empresa Transportes Metropolitanos do Porto, passando a presidência do executivo para o até então vice-presidente e agora candidato do PS à Câmara de Gondomar, Luís Filipe Araújo.
A 06 de junho, Marco Martins apresentou a demissão da presidência da concelhia local.
Numa carta aos militantes, Marco Martins acusou o sucessor na autarquia de ter alterado a forma como lidava com ele, nomeadamente “cortando com o passado, marginalizando pessoas e travando projetos que estavam em curso”, e afirmou “viver-se um clima de medo na Câmara”.
No concelho de Gondomar apresentaram candidatura o atual presidente da câmara, Luís Filipe Araújo (PS), o ex-deputado do PS e candidato independente Carlos Brás, a professora Maria Olinda (CDU), Manuela Carneiro, do PAN, e o advogado Abel Gonçalves (ADN).
O executivo de Gondomar tem 10 lugares, sendo atualmente seis do PS, um independente, dois do PSD e um da CDU.
As eleições autárquicas deverão decorrer entre setembro e outubro.