QSP SUMMIT debateu os novos impulsos estratégicos das organizações

“The New Strategic Divers” foi o tema da 18ª edição do evento que decorreu no Porto e em Matosinhos.

Julho 9, 2025

O QSP SUMMIT voltou a reunir, ao longo de três dias, profissionais de topo, entre quadros médios e superiores de algumas das principais empresas nacionais e internacionais. Nesta edição, o evento convidou a refletir sobre os motores estratégicos que estão a transformar as organizações – da cultura à tecnologia, passando pela estratégia, pessoas, comunicação, educação, performance e ética – num contexto empresarial cada vez mais exigente e em constante mudança.

A cerimónia de abertura decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, no dia 1 de julho, com uma intervenção especial de António Lobo Xavier sobre a relação entre ética e negócios, sublinhando a importância da liderança consciente e da responsabilidade social no mundo atual. Seguiu-se um painel de debate com representantes da Deloitte Portugal, TMG Automotive, Grupo Visabeira e Symington Family Estates, que exploraram temas como inovação, sustentabilidade e adaptação cultural nas organizações. No mesmo dia, decorreu ainda uma exclusiva Masterclass sobre liderança com o especialista em inovação na gestão, estratégia e liderança Adan Kingle, que contou com a participação especial do Professor Rob Goffee.

Nos dias 2 e 3 de julho, a Exponor, em Matosinhos, recebeu um elenco de oradores de referência nacional e internacional. Ao todo, foram 90 oradores a partilhar a sua visão sobre os grandes impulsionadores de transformação e crescimento nas organizações.

MAIN STAGE

Erin Meyer

Professora na INSEAD, especialista em liderança intercultural e autora do best-seller Culture Map, Erin Meyer explicou as oito dimensões culturais que afetam comunicação, feedback e decisões. Ilustrou como diferenças subtis podem gerar conflitos e comprometer resultados. Destacou a dimensão do contexto, onde anglo-saxões tendem a ser diretos e asiáticos ou africanos comunicam de forma mais implícita. Abordou também a avaliação, explicando como cada cultura lida com críticas, sendo algumas mais diretas e outras mais suaves. Trouxe exemplos da Google, L’Oréal e Netflix, mostrando como adaptar estilos fortalece a confiança e torna as equipas mais ágeis. Defendeu que compreender estas nuances é essencial para inspirar pessoas, alinhar objetivos e melhorar a performance, reforçando que ajustar abordagens em contextos multiculturais é uma vantagem competitiva decisiva.

Angela Lane

Especialista em recursos humanos, professora na IE University e autora, Angela Lane defendeu que a melhor forma de nos tornarmos insubstituíveis na era da IA é alcançar “peak performance”. Explicou que esta abordagem assenta em três pilares: foco, agilidade e resiliência. O foco ajuda a definir prioridades e concentrar energia no essencial. A agilidade permite reconhecer mudanças e ajustar estratégias rapidamente. Já a resiliência envolve enfrentar desafios, superar adversidades e gerir o stress. Reforçou que competências humanas como pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional serão sempre diferenciais estratégicos para prosperar.

Dan Cable

Professor na London Business School e especialista em comportamento organizacional, Dan Cable explicou que muitas pessoas se sentem desligadas porque as organizações ativam o “Fear System”, gerando ansiedade e bloqueando a criatividade. Defendeu uma alternativa: ativar o “Seeking System”, que desperta curiosidade, propósito e motivação. Mostrou o caso da WIPRO, onde partilhar histórias pessoais aumentou a ligação emocional e o desempenho. Destacou três caminhos: valorizar forças individuais, criar espaços seguros para experimentar e ajudar cada pessoa a encontrar propósito. Reforçou que cultivar emoções positivas e liberdade para aprender transforma equipas, promove inovação e retém talento.

Heather McGowan

Futurista, autora best-seller e especialista em transformação do trabalho, Heather McGowan explicou que, no futuro, a maior vantagem será saber aprender, desaprender e reaprender. Vivemos numa era de mudança constante, onde o cérebro humano busca certezas e reage com stress. A pandemia acelerou esta transformação, impulsionando o trabalho remoto e o empreendedorismo, mas também aumentando a solidão. Defendeu a curiosidade como resposta ao medo do desconhecido, sublinhando que a IA pode replicar funções, mas a força humana está na capacidade de se reinventar. Incentivou líderes a promover cenários “what if” e a cultivar o desapego ao que pensamos saber, reforçando que o futuro exige agilidade mental, abertura à mudança e uma cultura de reinvenção contínua.

Laura Gassner Otting

Autora best-seller e especialista em liderança, Laura Gassner Otting defendeu que a comunicação intencional é a base para desbloquear o potencial das equipas e promover crescimento sustentável. Explicou que o verdadeiro desempenho nasce de relações de confiança, lealdade e propósito partilhado. Laura sublinhou que alinhar o propósito pessoal com o organizacional gera motivação, energia e envolvimento genuíno. Afirmou ainda que a liderança eficaz vai além da gestão técnica, exigindo inteligência emocional e relações autênticas. Para Laura, comunicar não é apenas transmitir informação, mas sim inspirar ação, fomentar colaboração e construir culturas organizacionais fortes.

Arun Sundararajan

Professor na NYU, especialista em economia digital, plataformas e IA, Arun Sundararajan descreveu a evolução da inteligência artificial, desde os primeiros expert systems até ao deep learning e aos modelos pré-treinados atuais. Explicou três formas de aplicar IA nas organizações: criar uma solução do zero, usar modelos pré-treinados com dados internos ou adotar sistemas com Retrieval-Augmented Generation, garantindo segurança e confidencialidade. Destacou a IA como ferramenta poderosa para aumentar produtividade e identificou práticas essenciais de governance. Defendeu que uma liderança ética e transparente fortalece a reputação e garante impacto positivo e crescimento sustentável.

Hajj Flemings

CEO da RebrandX e estratega em inovação digital, Hajj Flemings destacou que vivemos uma nova era, em que a criatividade humana é amplificada pela velocidade da IA. Explicou que a inteligência está mais acessível, mas continua desigualmente distribuída. Defendeu uma abordagem centrada no ser humano, valorizando competências interpessoais e pensamento crítico. Enalteceu o pensador polímata, capaz de criar artefactos únicos num mundo onde a IA automatiza o comum, e questionou o conceito de originalidade num cenário onde máquinas criam quase tudo. Sublinhou que o verdadeiro diferencial será sempre o que é raro e profundamente humano, alertando para a importância de uma camada ética que oriente a expressão do “genius”, mantendo os interesses da humanidade no centro.

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