Ao longo de 2024, a rede Unir transportou cerca de 35 milhões de pessoas. Estes números ainda carecem de uma atualização por existirem validações perdidas.
A rede Unir transportou, em 2024, cerca de 35 milhões de passageiros, mas o número real será superior porque houve validações não contabilizadas no primeiro ano completo de operação da rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto (AMP).
“No ano de 2024 foram registadas cerca de 35 milhões de validações na rede Unir, mas nós temos noção que este número é inferior ao real, porque houve um conjunto de problemas com a bilhética e na articulação entre a AMP e o TIP” (antigo agrupamento Transportes Intermodais do Porto, que geria a rede Andante), disse esta sexta-feira o presidente da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), Marco Martins.
Os números foram esta sexta-feira apresentados durante uma reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), órgão que reúne os 17 autarcas da AMP.
“Também os operadores, nem todos têm os seus sistemas devidamente calibrados e configurados”, apontando ainda Marco Martins à falta “dos serviços serem abertos pelos motoristas” para registo das linhas efetuadas.
De acordo com a apresentação, a que a Lusa teve acesso, das validações totalmente contabilizadas em 2024 (31,3 milhões), no lote 1 (Maia/Matosinhos/Trofa) registaram-se 10,1 milhões de validações, no lote 2 (Gondomar/Valongo/Paredes/Santo Tirso) 10,8 milhões, no lote 3 (Vila do Conde/Póvoa de Varzim) 1,5 milhões, no lote 4 (Vila Nova de Gaia e Espinho) 7,2 milhões e no lote 5 (Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Arouca, São João da Madeira e Vale de Cambra) 1,7 milhões.
Tais números representaram uma receita de 9,1 milhões de euros (lote 1), 7,9 milhões de euros (lote 2), 1,7 milhões de euros (lote 3), 5,6 milhões de euros (lote 4) e 2,4 milhões de euros (lote 5), com a respetiva remuneração aos operadores de 14,7 milhões de euros, 16,4 milhões, 5,8 milhões, 7,8 milhões e 7,6 milhões, seguindo a mesma ordem.
Quanto à comparação dos números para o primeiro trimestre deste ano, a rede Unir está a registar um crescimento dos números de validações, já que no lote 1 passaram de 2,2 milhões para 2,4 milhões (27%), no lote 2 de 2,4 milhões para 3,1 milhões (29%), no lote 3 de 0,4 milhões para 0,5 milhões (25%), no lote 4 de 1,5 milhões para 2,1 milhões (40%) e no lote 5 de 0,4 milhões para 0,6 milhões (50%).
Quanto ao Andante e à incorporação do TIP na TMP, Marco Martins alertou para a existência de uma “estrutura financeira colapsada” com “dividendos distribuídos antes da tomada de posse da TMP” e “compromissos financeiros herdados de cerca de quatro milhões de euros assumidos sem a verba assegurada”.
“Há muita contratação. O sistema informático é obsoleto, é de 2003 e tem sido renovado com “upgrades” mas não tem sido alterado” e “nem orçamento para 2025 existia”, disse Marco Martins, apontando ainda à não cobrança de comissão em títulos gratuitos, que diz representar “uma perda de mais de meio milhão de euros de receita por ano”.
O presidente da TMP disse ainda que o negócio, apesar de resultados positivos nos últimos anos, “se está a aproximar do zero e até do negativo, porque a comissão de validação, que é um cêntimo”, sempre que um título Andante é validado, “não é revista desde nunca”.
“Há uma conta que nunca ninguém tinha feito e que nós fizemos, que é um assunto que mais à frente teremos que falar, é que as lojas Andante dão 1,4 milhões de euros de prejuízo por ano”, alertou.
Marco Martins disse que os estudos previam o arranque da TMP com 40 pessoas, mas há 107 se contabilizados os contratados externamente, com “peso significativo na parte financeira”.
Até ao final do ano, a TMP pretende passar de 39 pessoas no quadro para 50, mais 12 em “call-centers”, subindo progressivamente até 95 pessoas até final de 2028.
Já decorrem obras nas novas instalações da TMP na zona das Antas, estimadas estarem prontas até final de junho.
Para já, até ao final de maio, devem ser instaladas as paragens da Unir nos terminais do Porto, lembrando Marco Martins que “a falta de paragens ainda é uma realidade em 35% dos municípios”.