A exposição está patente na Ala Siza Vieira do Museu de Arte Contemporâneo de Serralves entre 28 de novembro a 19 de abril,

O Museu de Serralves, no Porto, recebe esta quinta-feira a inauguração “Beleza apesar de tudo”, uma exposição do trabalho dos arquitetos Aires Mateus que é um laboratório espacial para se descobrirem culturas, geografias e materiais através de 91 peças.
“Gostamos muito de entender esta exposição como uma espécie de laboratório espacial”, explicou à Lusa Nuno Crespo, curador da exposição que aborda o percurso dos arquitetos Manuel e Francisco Aires Mateus através de 91 peças, destacando a diversidade de materiais, escalas e programas que a dupla de arquitetos portugueses tem trabalhado em Portugal e no estrangeiro.
A exposição, patente na Ala Siza Vieira do Museu de Arte Contemporâneo de Serralves entre 28 de novembro a 19 de abril, está organizada em cinco núcleos expositivos intitulados de “Jardim”, “Matéria”, Tempo”, “Lugares” e “Geografias”.
No “Jardim”, o visitante depara-se com uma sala a meia-luz com ambiente intimista e onde se descobrem várias dezenas de maquetas suspensas que representam projetos ou detalhes dos projetos de arquitetura dos irmãos Aires Mateus em diversas escalas.
Na exposição podem observar-se alguns dos projetos assinados pela dupla, como as simbólicas casas de Alenquer e Azeitão, o Centro de Investigação das Furnas (Açores), as casas na areia na Comporta, a sede da EDP em Lisboa, os museus em Lausana (Suíça) e Tours (França) ou a Faculdade de Arquitetura de Tournoi (Bélgica), casas da Ilha do Fogo em Cabo Verde, uma casa em Melbourne (Austrália), entre muitos outros.
A madeira, o tijolo, o betão e o gesso usado nos projetos revelam que a “matéria também faz espaço, além de fazer forma” e indiciam que há uma “investigação para a materialidade”, como vão explicando os dois arquitetos durante uma visita para a imprensa.
Questionado sobre se esta exposição é uma viagem ao percurso de duas décadas de trabalho, Francisco Aires Mateus afirmou que sim, porque todas as exposições, particularmente a partir de uma certa dimensão, são uma espécie de “revisitação crítica”.
“São um ponto de paragem e de análise daquilo que estamos a fazer, porque nos olhamos criticamente. Temos de o fazer”, Francisco Aires Mateus.
Manuel Aires Mateus acrescenta que esta exposição serve fundamentalmente para olhar para o futuro: “A grande vantagem de uma exposição é a pessoa poder arrumar a casa para poder partir para o futuro. A nós não nos interessa partir do que já sabemos. Interessa-nos descobrir aquilo que não sabemos. Muitas vezes organizar o que fizemos permite-nos pensar aquilo que não fizemos e essa é a parte que nos interessa mais”.
Segundo Nuno Crespo, “Beleza apesar de tudo” é uma exposição que explora os “princípios de construção espacial” que Manuel e Francisco Aires Mateus têm usado em alguns dos seus projetos.
“Não é uma exposição antológica, não é uma exposição cronológica, mas é uma exposição que permite rever alguns dos projetos […] não para os arrumar, mas para verdadeiramente os explorar”, como se fosse uma experiência laboratorial.
Esta viagem ao percurso dos irmãos arquitetos não é uma viagem no tempo, nem uma viagem na história ou no currículo destes arquitetos, mas sim “uma viagem através de diferentes tipos ou de diferentes tipologias de experiências espaciais”, concluiu Nuno Crespo.
“Beleza apesar de tudo” fica patente em Serralves até dia 19 de abril de 2026.