A sessão contou com a presença do vereador com pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, que contextualizou as alterações que o executivo fez à unidade operativa que herdou, relembrou todas as fases do projeto e explicou como foram distribuídos os encargos e benefícios por todos os proprietários daqueles terrenos privados.
Um conjunto de arquitetos considerou hoje que a possibilidade de construção de torres junto à futura Avenida Nun”Álvares, no Porto, não é um “choque” e apontaram críticas à “baixa densidade” de edificação do projeto e ao perfil previsto para a via.
Na sede da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos, onde se juntaram cerca de 50 pessoas para discutir o impacto urbanístico da operação urbanística de Nun”Álvares, o arquiteto Fernando Brandão Alves começou por confessar que procurou no projeto algo que “chocasse ou perturbasse”, mas sem sucesso.
Para o diretor do Mestrado em Planeamento e Projeto Urbano da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, não é complicado ser sensível ao problema que as pessoas colocam sobre a construção em altura, mas ressalva que esta “tanto pode ser má, como muito boa”, apontando como exemplos positivos a Torre do Foco, na Boavista, e o Hotel Dom Henrique, na Trindade.
Brandão Rodrigues, que é natural da zona onde será feita esta operação urbana, considerou que a Foz do Douro e Nevogilde só têm a ganhar com esta operação.
Seguindo a mesma lógica, também o arquiteto paisagista Paulo Farinha Marques falou do elefante na sala: “Não fico aflito com a questão das torres (…) esta é uma zona onde a silhueta urbana não é interessante porque é uma zona balnear”.
Farinha Marques considerou que se trata de um “plano que nos pode encher de esperança” e sublinhou aquilo que acha ser um “grande progresso a nível das áreas verdes” relativamente à operação urbanística que foi sendo desenhada ainda no mandato de Rui Rio (2002-2013).
Deixou, contudo, críticas no que diz respeito à densidade de edificação proposta no projeto (0,67), que é inferior à média da cidade.
“Acho que o perfil de baixa densidade é um perfil para valorizar o grupo afluente e rico que vive naquela zona e toda a cidade rica que vai comprar o seu lugar ali”, atirou.
Também o arquiteto Luís Soares Carneiro deixou críticas à “baixa” densidade.
“Densidade é o que faz uma cidade, é um critério essencial para reduzir a necessidade de deslocações, para dar sentido às redes de transportes”, afirmou o arquiteto, que lamentou que a densidade “tenha mau nome” porque as pessoas a associam a ausência de espaços verdes.
Também sobre a possibilidade de construção de torres, disse haver já precedentes na cidade.
“Os meus amigos da Foz vão ficar furiosos comigo, mas a verdade é que as torres não me metem particular impressão. Imagino que, também para eles, se fossem na Corujeira, ou noutro sítio longe, não seria problema rigorosamente nenhum”, brincou.
Luís Soares Carneiro afirmou que, apesar de ainda se estar a delimitar as unidades de execução, o importante no futuro é que o projeto arquitetónico seja bom.
“E Norman Foster – devo dizer isto com franqueza – é um nome, não é uma garantia de qualidade. Ele nem deve saber que isto existe, foi alguém lá alguém do escritório que o desenhou. Porque duvido que haja alguém no imobiliário português que tenha dinheiro para pagar ao Foster”, atirou.
Já Tomás Allen, que é arquiteto especialista em mobilidade, deixou críticas ao perfil da futura avenida, que considerou que deveria ser “mais ambicioso” e com passeios mais largos.
O arquiteto relembrou ainda que, naquela zona da cidade, as Avenidas Atlânticas já não têm capacidade para as pessoas que lá moram atualmente e que é “obrigatório” pensar em transporte público capaz de transportar mais quatro ou cinco mil novos habitante e pensar numa possível ligação à linha do metrobus.
A sessão contou com a presença do vereador com pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, que contextualizou as alterações que o executivo fez à unidade operativa que herdou, relembrou todas as fases do projeto e explicou como foram distribuídos os encargos e benefícios por todos os proprietários daqueles terrenos privados.
Na Unidade Operativa de Planeamento e Gestão 1 (UOPG1) – Nun”Álvares, há um unidade de execução (em três) que permite serem construídas três torres que poderão ter até 25 pisos acima da cota da soleira, quatro pisos subterrâneos, uma altura máxima da fachada de 100 metros e uma altura máxima da edificação de 102 metros.
A 14 de Julho, Pedro Baganha, revelou que os promotores do lote já apresentaram um projeto da autoria do arquiteto Norman Foster, que contempla três torres, uma com 78 metros, outra com 83 e outra com 86.